quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Livro: O rosto de um outro

Título: O rosto de um outro
Título original: Tanin no Kao
Autor: Kobo Abe
Tradutora: Leiko Gotoda
Editora: Cosac Naify

Após um acidente no laboratório onde trabalha, o protagonista do livro tem o rosto completamente desfigurado e passa a questionar a própria identidade. Sentindo-se à margem da sociedade, ele cria uma máscara para esconder o rosto e viver normalmente, mas a máscara muda sua percepção dos outros e de si mesmo e revela uma nova face.

O livro é escrito na forma de três cadernos com as anotações do personagem sobre sua experiência e algumas cartas no final. Direcionados para a esposa do protagonista, os cadernos contém longos monólogos com questionamentos e reflexões um tanto cansativos e repetitivos, que às vezes se estendem por páginas e páginas. Isso foi algo que me decepcionou, pois julgando pela premissa eu esperava algo um pouco mais empolgante, estranho e assustador. A questão central, sobre a importância do rosto para determinar a identidade, é interessante, e a história tem os momentos tensos e intrigantes que eu esperava, mas o livro se perde um pouco andando em círculos.

Por outro lado, boa parte das coisas que me incomodaram durante a leitura foram comentadas pela esposa do protagonista na carta que ela escreve para o marido no final, o que achei bem curioso e me fez terminar o livro meio aliviada, meio vingada (?).

O livro foi adaptado para o cinema e, vendo as imagens no google, parece bem interessante e sinistro. Fiquei com vontade de ver.

Livro lido para o desafio Volta ao Mundo (Japão).

sexta-feira, 21 de outubro de 2016

Livro: Love

Título: Love - A história de Lisey
Título original: Lisey's Story
Autor: Stephen King
Tradutor: Fabiano Morais
Editora: Objetiva

Demorei para resenhar esse livro aqui porque fiquei (e ainda estou) na dúvida se ele se encaixa no tema do desafio literário: thriller psicológico. Mas refletindo percebi que acho que ele se encaixa, sim, e se não se encaixar... vamos fingir que se encaixa.

Love conta a história de Lisey, que era casada com Scott Landon, famoso escritor americano, um raro exemplar da espécie cultuado tanto pela crítica quanto pelo público. Dois anos depois da morte dele, Lisey ainda tem problemas ao lidar com o luto. Ao se ver obrigada a remexer nas coisas do marido para satisfazer as exigências dos incunks (abutres-acadêmicos que desejam por as mãos nos papéis que Landon deixou para trás), ela é forçada a mergulhar nas lembranças e mistérios do marido.

Esse é o terceiro Stephen King que leio e talvez tenha sido o que menos gostei. Ele não é ruim nem nada do tipo, mas achei um tanto quanto lento e prolixo. Por mais que isso tenha os seus motivos de ser e ajude a construir o clima, desenvolver os personagens e tal, ainda assim eu esperava algo um pouco mais animado vindo de um livro do King. Ele tem seus momentos tensos, tem seus momentos surpreendentes e tem seus momentos envolventes, mas no geral é um livro morno, com pouca ação, o que faz sentido, já que ele se concentra no psicológico dos personagens e faz uma escavação arqueológica na memória da Lisey (preparem-se para flashbacks e flashbacks dentro de flashbacks).

Algumas considerações sobre a linguagem e o estilo: a Lisey e o Scott tinham suas próprias expressões e palavras, que aparecem bastante no livro, como o jeito de chamar a escrivaninha ou o tal do "bool". Sinceramente, essas palavras me irritaram um pouco, assim como a técnica do King de cortar o fluxo da narrativa inserindo parenteses com algum pensamento, que é algo que já vi em outros livros dele. Não é nada que estrague a leitura, mas incomoda um pouco.

Eu realmente gostei da maioria dos personagens centrais e adorei o relacionamento entre Lisey e suas irmãs, principalmente a Amanda. Isso me fez desejar ler um livro inteiro centrado nelas, sem Landon e seu passado mórbido para atrapalhar.

Por outro lado, não achei a história em si tão interessante. O livro trata de assuntos fascinantes, como a criação literária, e tem uma abordagem que achei muito interessante de doenças mentais, então eu esperava um pouco mais. Talvez as expectativas estivessem altas demais. Talvez eu tenha me tornado uma leitora chata demais. Não sei. Ainda assim, acho que vale a pena dar uma chance ao livro, seja você fã do Stephen King ou não.

Livro lido para o Desafio Literário Skoob (thriller psicológico).

sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Randomicidades do mês: setembro/2016

As randomicidades do mês tardam mas não falham! Em setembro até que li um bom número de livros, principalmente porque vários deles são curtos. Já os filmes foram pouquíssimos, o que vou tentar compensar em outubro. Também terminei dois animes da temporada, o que é uma façanha para mim, que nunca consigo acompanhar direito as coisas na época em que são lançadas.

Livros lidos


O menino que se trancou na geladeira - Fernando Bonassi
Nota: 1

 

A faca sutil - Philip Pullman
Esse é o segundo volume da trilogia Fronteiras do universo. Apesar de ele ser meio que um volume de transição, que não apresenta resposta nenhuma e termina em um baita cliffhanger, acho que é o meu livro preferido da série. Gosto muito da dinâmica entre o Will e a Lyra nesse livro, talvez porque antes a gente só via a Lyra convivendo com figuras de autoridade e agora ela está ao lado de um menino da sua idade que está tão perdido quanto ela. Também adoro o conceito de universos paralelos e a exploração que os personagens fazem entre mundos. Diferente da Bússola de ouro, eu não me lembrava muito bem da história desse livro, então foi quase como ler da primeira vez.
Nota: 4,25


A luneta âmbar - Philip Pullman
Se minha releitura de A faca sutil foi quase como seu estivesse lendo da primeira vez, a releitura desse volume final foi como se eu realmente estivesse lendo pela primeira vez. Eu não lembrava de nada desse livro além de umas cenas aleatórias (quase todas relativas aos mulefas ou aos anjos). E foi bom não lembrar, porque a curiosidade para saber o que ia acontecer me motivou a progredir pelos trechos mais maçantes. Esse volume força um pouco na alegoria e se preocupa em fechar a história e passar as ideias do autor em detrimento de alguns personagens, que têm um desenvolvimento decepcionante. O livro é muito bom, sim, e fico impressionada com o universo que o Pullman construiu, mas ele deixa um gosto meio amargo na boca.
Nota: 3,75


Grimble & Grimble no Natal - Clement Freud
Eu já tinha lido Grimble na coletânea de contos Foras-da-lei barulhentos etc., mas quando vi que a Zahar lançou o livro com ilustrações do Quentin Blake e uma história extra, não resisti. Grimble é um menino normal com pais muito esquecidos que estão sempre viajando. Na primeira história, os pais viajam para o Peru e deixam um monte de bilhetes com orientações para o filho se virar sozinho durante a semana. Na segunda, Grimble faz o possível para lembrar os pais que o Natal está chegando, mas eles são tão atrapalhados que nem notam os esforços do filho. São histórias muito engraçadas e fofas.
Nota: 3,75


O rei do picles - Rebecca Promitzer
Esse livro chamou minha atenção pela capa simpática e pelo título peculiar. Comecei a ler sem saber muito o que esperar e fiquei surpresa com a mistura de elementos de histórias de detetive e de terror. Gostei muito dos personagens e da dinâmica entre eles (adoro livros que misturam personagens que normalmente não seriam amigos), mas boa parte da aventura me cansou. A autora tentou misturar elementos demais e ficou tudo meio solto no final.
Nota: 3


Breve romance de sonho - Arthur Schnitzler
É uma leitura válida para meu desafio Volta ao Mundo em 80 Livros, representando a Áustria. Eu deveria resenhar em um post separado, mas sinceramente, não estou com energia para isso, então vou comentar brevemente aqui. Essa é a novela que inspirou o filme De olhos bem fechados, que ainda não vi. Gostei bastante do clima misterioso, meio onírico, (que me lembrou um pouco O sonho dos heróis do Adolfo Bioy Casares) e da tensão.
Nota: 4


O pintor de letreiros - R. K. Narayan
Nota: 3,75


Quando o imperador era divino - Julie Otsuka
Esse foi o romance de estreia da autora e trata do mesmo tema que O Buda no sótão: a vida dos imigrantes japoneses nos EUA. Focado em uma família nipo-americana e alternando o foco narrativo entre os membros dessa família, o livro se concentra na década de 40, quando os japoneses e descendentes passaram a ser vistos como inimigos da nação e foram enviados a campos de concentração após o bombardeamento de Pearl Harbor. A Otsuka tem um estilo muito delicado e contido que funciona bem ao tratar de assuntos que poderiam se tornar um tanto melodramáticos em outras mãos.
Nota: 4

Quadrinhos


The Wedding Eve - Hozumi
Esse é uma mangá com histórias curtas bastante focadas nas relações familiares, algumas com elementos levemente fantásticos, mas ainda assim bem pé no chão. O traço da autora me agradou muito e as histórias me surpreenderam demais. Provavelmente vou falar mais dele no futuro.
Nota: 4,5


Gen Pés Descalços (vol. 8) - Keiji Nakazawa
Estou chegando na reta final e confesso que estou achando a história menos interessante nesses últimos volumes. Nesse volume, Hiroshima continua a sofrer com as consequências da bomba e da dominação americana, além de temer que o país entre em guerra novamente caso se envolva na Guerra da Coreia.
Nota: 3

Animes


Handa-kun
Esse é um spin-off de Barakamon que mostra a vida de Handa durante o ensino médio. É um anime de comédia e todas as piadas são basicamente uma variação sobre o mesmo tema: Handa se vê como um loser e acha que todos da escola o odeiam, mas na verdade a escola inteira o idolatra, o que gera as mais hilárias confusões. Eu não estava pondo muita fé no anime, mas achei bem divertido. Ele é muito diferente do tom de Barakamon e, com exceção do Handa, do Kawafuji e de uma ou outra referência a acontecimentos futuros, as duas séries não têm muito em comum, mas é uma diversão leve e descontaída.
Nota: 3,5


Orange
Como assisto mais animes do que leio mangás, é muito raro eu assistir a uma adaptação depois de ter lido a obra original (pensando bem, acho que essa é a primeira vez que isso acontece). Foi um pouco estranho assistir tendo a história tão fresca na mente. Tentei evitar comparações, mas nem sempre deu. Tirando os defeitos técnicos, como a animação capengando em vários episódios da metade final, o que mais me incomodou foi a protagonista, Naho, ficou bem mais irritante no anime do que no mangá. Talvez isso aconteça porque no mangá temos mais acesso aos seus pensamentos e acabamos a compreendendo melhor (e nos identificando). A insegurança dela faz mais sentido. No anime ela só fica parecendo burra mesmo. Uma pena, porque a história é boa e o anime consegue transmitir razoavelmente bem a essência da obra original.
Nota: 3,5

Filmes


Kaze no Matasaburou
Que filme gracinha!!! Meio que me lembrou uma mistura de Ghibli com algum desses desenhos fofos da minha infância tipo Babar ou As trigêmeas. A história é super simples: uma menina passa um tempo no interior com o pai e começa a frequentar a escola local. Ela deseja fazer amizade com os colegas, mas alguns desentendimentos iniciais a afastam deles. Porém, aos poucos eles vão se conhecendo e ela passa a apreciar mais a vida no campo. Os colegas dela, com a exceção de um menino, são todos animais fofíssimos, e a interação entre eles é adorável. Se você gosta de desenhos delicados, belos cenários, arte fofa e clima relaxante, esse filme é para você (e só tem 22 minutos!).
Nota: 4


Aquarius
Com todo mundo comentando sobre esse filme, é claro que eu não pude deixar de conferir, até porque gostei muito do filme anterior do diretor, O som ao redor. Meu veredito é: é bom, sim, mas não é tudo isso que estão dizendo. É um filme forte, com momentos marcantes, detalhes curiosos e muitas críticas à nossa sociedade, mas eu esperava um pouquinho mais.
Nota: 3,75

Aquisições

Em setembro eu exagerei nas compras, culpa da Bienal e da minha mania de ficar garimpando nos estandes das distribuidoras. Isso desequilibrou completamente minha meta de não acumular mais de cem livros não lidos, mas tudo bem, né?


Confissões de uma máscara é um que eu queria ler faz tempo, porque gostei do outro livro do autor que li. Ferdydurke é um livro polonês bastante influente; lembro que li um texto sobre ele e fiquei fascinada. Você não deveria estar na escola? é o terceiro dessa série do Lemony Snicket e me lembra que preciso reler Desventuras em Série. O homem dos olhos dançantes é um livro bonitinho e ilustrado e estava tão barato que não resisti. Adoro o Ismail Kadaré, mas faz um bom tempo que não leio nada dele, espero matar as saudades com Vida, jogo e morte de Lul Mazrek.


Esses todos são livros nacionais. O cortejo em abril é um livro curtinho de contos da Zulmira Ribeiro Tavares, autora que li na faculdade e gostei. Tenho vontade de ler A arte de produzir efeito sem causa desde que vi o filme Quando eu era vivo, baseado no livro. Gosto muito da Vanessa Barbara e do Lúcio Cardoso, então decidi me arriscar com esses dois livros.


Essas foram as compras da minha irmã, com exceção do Terry Pratchett, que foi uma compra dividida entre nós duas.


E, finalmente, esses dois livros foram comprados em conjunto em uma promoção na internet. Eu queria o do monstro, minha irmã queria o das estrelas, então lá fomos nós comprar. Essas edições da Darkside são muito lindas. :)

Foi isso! Espero que o post de randomicidades não saia tão atrasado no mês que vem.