terça-feira, 28 de junho de 2016

Anime: Michiko to Hatchin


Michiko to Hatchin
Estúdio: Manglobe
Diretora: Sayo Yamamoto
Ano: 2008
Nº de episódios: 22

Faz muito tempo que eu queria assistir a esse anime. Os motivos são muitos: ele é razoavelmente elogiado, tem um visual legal, conta com gente de peso na produção e, principalmente, porque se passa em um lugar livremente inspirado no Brasil. É relativamente raro ver animes que não se passam no Japão ou em algum lugar completamente fictício, e os poucos que fogem à regra geralmente adotam a Europa como cenário, então é muito interessante ver nosso país reinterpretado pelos olhos de alguém de uma cultura tão distante e diferente. Claro, o anime não consegue, e nem pretende, fugir muito da visão estereotipada que os gringos têm daqui, mas ao mesmo tempo ele recria o Brasil de uma forma bastante interessante.

Hatchin e Michiko

O anime é protagonizado por Michiko Malandro, uma morena sensual, desbocada e impulsiva, e Hana "Hatchin" Morenos, uma menina que vivia em um lar adotivo. Após fugir da prisão, Michiko resgata Hatchin de sua família abusiva, e as duas partem em uma road trip em busca de Hiroshi Morenos, pai de Hatchin e antigo amor de Michiko. Com a polícia e antigos desafetos em seu rastro, em meio a perseguições e situações perigosas, as duas conhecem novos lugares, vivem aventuras e criam um forte vínculo.

As protagonistas têm personalidades bastante fortes. Michiko é divertida e descontraída, cai na porrada sem pensar e está sempre brigando com alguém. Hatchin é séria e responsável e muitas vezes parece mais adulta que Michiko, mesmo sendo apenas uma criança. As duas vivem se desentendendo, mas elas se complementam, e à medida que a série avança, a amizade se fortalece. Os personagens secundários deixam um pouco a desejar. Alguns têm momentos que sinalizam que eles poderiam ser bons personagens caso tivessem mais espaço na série, como Atsuko, policial e antiga amiga de Michiko, que protagoniza um ótimo episódio.

Michiko e Atsuko

O anime segue uma estrutura episódica. Apesar de a procura por Hiroshi ser o objetivo das protagonistas, a série não segue um rumo muito direto, criando tramas fechadas e avançando a passos lentos na direção do objetivo. Isso não é algo ruim, mas aqui deixou um pouco a desejar. Alguns poucos episódios são bons e memoráveis, outros parecem ter se salvado mais pela arte bonita, pela animação dinâmica e pela música marcante do que pela história. Não sei apontar exatamente o que faltou em Michiko to Hatchin para esses episódios funcionarem. Talvez seja o foco na ação desenfreada e a falta de aprofundamento nos personagens e nas relações entre eles? Talvez seja a aleatoriedade da narrativa, que parece avançar e retroceder ao seu bel-prazer, deixando pontas soltas e elementos largados por aí? Não sei, só sei que alguns dos meus animes preferidos são episódicos e eu realmente valorizo quem consegue desenvolver uma ótima história fechada em pouco mais de vinte minutos, mas aqui na maioria das vezes isso não funcionou.

Apesar de narrativamente o anime deixar um pouco a desejar, a parte técnica não decepciona. Cenas bem animadas, character design interessante e diferente, cores vibrantes, belos cenários e ótimas músicas. A trilha sonora merece um comentário à parte: composta pelo brasileiro Kassin e produzida por Shinichiro Watanabe (diretor de Cowboy Bebop e Samurai Champloo), ela é bem representativa da diversidade musical brasileira, com sambas meio tristonhos, melodias bonitas no violão e funks de letras estranhas e ritmo dançante.



Como brasileira, foi muito legal poder reconhecer a língua portuguesa nos nomes de personagens e lugares (tem uma cidade chamada Diarréia!!!), nas placas e nos cartazes nas ruas. Na maioria das vezes, acho que fizeram um bom trabalho, apesar de uma presença maior de nomes espanhóis do que o normal para o Brasil e uns errinhos aqui e ali. Achei maravilhoso pausar enquanto estava assistindo para ler um carta ou algum cartaz que aparecia brevemente. Também é interessante observar as referências a alimentos locais (pastel, cachaça) e os cenários bem brasileiros que conseguiram reproduzir, com favelas, feiras, botecos, igrejas e ruas que realmente poderiam ser brasileiros. A diretora visitou algumas cidades brasileiras antes da criação do anime, e isso é perceptível. De vez em quando aparecem algumas coisas nada brasileiras em cena, como uma tourada, mas aí não sei se é falta de informação ou é simples liberdade criativa.

Como uma recriação do Brasil, o mundo fictício de Michiko to Hatchin até que é bastante semelhante ao Brasil verdadeiro, tanto nos lados positivos quanto nos negativos, com a pobreza, a corrupção, as crianças largadas à própria sorte e o crime. Para um brasileiro, vale a pena assistir só pela curiosidade de ver esse universo. Já como narrativa, Michiko to Hatchin nem sempre foi tão bem sucedido, alternando bons momentos com outros dispensáveis, mas como um todo o anime está longe de ser ruim e acho que fãs de ação poderão gostar mais do que eu gostei.

quarta-feira, 22 de junho de 2016

Livro: As coisas

Título: As coisas: uma história dos anos sessenta
Título original: Les choses
Autor: Georges Perec
Tradutora: Rosa Freire d'Aguiar
Editora: Companhia das Letras

Jérôme e Sylvie desejam ser ricos. Querem ter um apartamento bonito e amplo, com decoração caprichada e mobília cara. Em vez disso, têm que se contentar com um apartamento apertado, que eles enchem de objetos que ameaçam soterrá-los. Acomodados em um emprego que não paga muito, mas que lhes dá liberdade na rotina, o casal vive o dilema de abrir mão desse descompromisso em troca de uma carreira que lhes dê mais dinheiro ou continuar vivendo a vidinha preguiçosa de sempre e continuar apenas namorando as vitrines. Explorando a fascinação que os objetos exercem sobre nós, Perec narra a trajetória desse casal de classe média durante os anos sessenta.

Perec é um escritor bastante conhecido pelo experimentalismo, o que me deixou com o pé atrás e fez este livro ficar na estante por muito tempo até eu ter coragem de lê-lo, mas As coisas acabou se revelando mais agradável do que eu esperava. Apesar de bastante descritivo quando se trata de objetos e não tanto quando se trata de pessoas e ações, o livro segue uma narrativa clara, e a escrita de Perec, com todas as suas minúcias e observações bem colocadas, é muito gostosa de ler. É muito fácil se identificar com os protagonistas em seus desejos e indecisões, pois todos nós vivemos nessa mesma sociedade consumista, tomados pela vontade de possuir coisas.

Como As coisas foi um dos primeiros livros do autor, talvez ele não seja o mais representativo do estilo de Perec. No entanto, talvez ele seja o ideal para leitores mais medrosos, como eu, para um primeiro contato com sua obra.

Livro lido para o Desafio Volta ao Mundo de junho, representando a França.

domingo, 19 de junho de 2016

Livro: Vernon God Little

Título: Vernon God Little: A 21th Century Comedy in the Presence of Death
Autor: DBC Pierre
Editora: Faber and Faber (publicado no Brasil pela Record)

Demorei bastante para engatar na leitura de Vernon God Little. Sem saber muito sobre o que o era livro, me deparei com uma linguagem esquisita e difícil de ler, cheia de gírias desconhecidas e sotaque texano carregado. Sofri um pouco para entender o que estava acontecendo, tive que reler algumas frases e fiquei meio cansada no primeiro dia de leitura, mas logo me acostumei e fui cativada pela história de Vernon, suspeito de participar de uma chacina escolar.

Inocente, Vernon estava no lugar errado na hora errada (e era amigo das pessoas erradas) e é pego pela necessidade de um bode expiatório, já que o único culpado pelo incidente, Jesus, melhor amigo de Vernon, se suicidou após os assassinatos. Inseguro, sem poder revelar a verdade por medo de incriminar outros, Vernon age impulsivamente, confia nas pessoas erradas, é vítima do circo midiático que se ergue ao seu redor e parece cada vez mais culpado aos olhos do público.

Com bastante humor negro, a narrativa é divertida, bizarra e ácida, criticando muitos aspectos da cultura americana contemporânea, principalmente o poder de manipulação da mídia e todo o espetáculo criado por ela. Os personagens são patéticos e absurdos (e irritantes), um tanto caricatos demais para o meu gosto.

Esse é um livro que não vai agradar a todos. Ele é bastante caricatural, a linguagem é coloquial demais, os personagens não são os mais simpáticos, o humor pode ser bastante grosseiro às vezes, ou apenas estúpido, mas para mim funcionou. Algo em sua crueza me conquistou e, aos poucos, me vi torcendo pelo protagonista, que no começo só me causava irritação, e apreciando cada vez mais a leitura.

Lido para o Desafio Skoob (tema: título com três palavras).

sexta-feira, 10 de junho de 2016

Anime: Shoukoujo Sara


Shoukoujo Sara
Diretor: Fumio Kurokawa
Estúdio: Nippon Animation
Ano: 1985

Faz bastante tempo que eu tinha vontade de assistir a algum anime do World Masterpiece Theater (ou Sekai Meisaku Gekijō), tradicional série de desenhos infantis baseados em clássicos da literatura, como Anne of Green Gables, Heidi, Moomins e Pollyana. Essa série começou a ser exibida no Japão em 1969 e durou até 1997, sendo retomada de 2007 a 2009. Muitos de seus animes são bastante aclamados e fizeram sucesso em outros países, e alguns contam com grandes nomes na produção, como Hayao Miyazaki e Isao Takahata.

Para começar, o escolhido foi Shoukoujo Sara, adaptação do romance A princesinha de Frances Hodgson Burnett, porque sou fã da autora e tenho toda uma história com o livro. O anime é protagonizado por Sara Crewe, uma garota inteligente e gentil que vivia na Índia e se muda para a Inglaterra para estudar em um internato. Como seu pai é muito rico, ela recebe tratamento diferenciado por parte da diretora, o que provoca a inveja de algumas alunas. No entanto, o pai morre misteriosamente e a garota perde todo seu dinheiro e posses, passando a trabalhar como criada no internato. A diretora, que a via como a galinha dos ovos de ouro, agora a vê como um fardo indesejável e passa as tarefas mais pesadas para ela. As colegas invejosas não perdem a chance de maltratá-la. Porém, Sara suporta as adversidades com a cabeça erguida, sem reclamar, e sua bondade conquista as pessoas ao seu redor.

O anime é bastante fiel à essência do livro, mas, como transforma um pouco mais de duzentas páginas em 46 episódios, ele adiciona muita coisa na história. Por ser uma série antiga, da época em que animes tinham temporadas longas e caminhavam em um ritmo bem mais lento que a média atual, o desenvolvimento demora um pouco para acontecer e há bastante repetição. Essa repetição significa sofrimento e mais sofrimento para a pobre Sara, o que cansa bastante. Por outro lado, o anime faz um bom trabalho na construção do drama, balanceando a tristeza com algumas cenas singelas e efêmeras de felicidade, tornando tudo mais suportável.

Sara e Becky
Os personagens são bastante unidimensionais. Quem é bom é extremamente bom e quem é mau é extremamente mau. Claro, isso não faz deles personagens ruins, porque eles funcionam bem dentro da narrativa.

Do grupinho do bem, não sou a maior fã da Sara, a típica personagem perfeitinha demais, embora às vezes eu goste de algumas de suas atitudes e simpatize com ela. Minha preferida é a Becky, uma menina pobre que passa a trabalhar no internato para ajudar a sustentar a família. Meio desajeitada, ela sempre leva bronca dos outros empregados. Sara sempre a tratou bem e, quando se torna empregada, as duas passam a trabalhar lado a lado e desenvolvem uma forte amizade. Essa amizade é uma das coisas mais bonitas do anime, e, enquanto assistia, torci muito para que elas não fossem forçadas a se separar.

Lavínia sendo questionada
Os vilões da história estão lá para serem odiados. Tanto a diretora quanto Lavínia, a aluna invejosa, são vilãs da pior estirpe, maldosas e mesquinhas. A diretora ainda tem um episódio para revelar seu passado e tentar explicar seu comportamento, mas isso não é muito convincente. No final, o anime desvia um pouco da história do livro e tenta nos fazer engolir uma pseudorredenção para elas, o que achei bem forçado e inverossímil.

Quanto aos aspectos técnicos, o anime não tem nada de muito extraordinário. O desenho dos personagens não é dos mais bonitos, mas os cenários são agradáveis. A abertura e o encerramento soam um tanto datados, mas foram me conquistando aos poucos (principalmente o encerramento), e a trilha sonora é bem feita, com alguns temas gostosos de ouvir.

Em suma, Shoukoujo Sara é um anime agradável de se assistir, principalmente se você gosta de drama, drama e mais drama, com muito sofrimento pelo caminho. Sim, ele se estende demais, o final deixa a desejar e é difícil suportar alguns dos personagens, mas no geral achei que a jornada valeu a pena. Como eu ainda não tinha assistido a nenhum anime tão antigo e a nenhum dos World Masterpiece Theater, foi uma experiência interessante, e agora já sei mais ou menos o que esperar dos próximos que eu ver.

terça-feira, 7 de junho de 2016

Patinação: destaques da temporada 2015-16

A temporada de patinação já acabou há mais de um mês, mas só agora me animei a fazer uma retrospectiva. Apesar de eu ter iniciado a temporada não muito animada, aos poucos fui ficando cada vez mais envolvida e agora, após o fim, continuo acompanhando as notícias e pensando em patinação como uma fanática. Dito isso, vamos aos momentos marcantes da temporada.

Meu novo favorito


Já comentei nos posts sobre o mundial que tenho um novo queridinho, o Shoma Uno. Não costumo acompanhar os competidores júnior, por isso a primeira vez que vi o Shoma patinando provavelmente foi no Campeonato dos Quatro Continentes (4CC) da temporada 2014-15, mas lá ele só me chamou atenção por usar umas das minhas músicas preferidas, a Sonata Kreutzer de Beethoven. Porém, bastou assisti-lo no comecinho da temporada, no Skate America, para virar fã. Ele lembra tanto o Daisuke Takahashi (saudades!), principalmente na musicalidade e na maneira de mover os braços e a cabeça, e ainda é novinho, tem tanto potencial! Além de ser um ótimo patinador, ele é fofo! Adoro ver o contraste entre sua persona confiante no gelo e fora do gelo (um menininho em estado perpétuo de timidez e constrangimento).


Sua primeira temporada sênior começou muito bem, com medalhas em todas as etapas do Grand Prix, para dar uma decaída depois, com decepções no 4CC e no mundial. Depois da grande tristeza do mundial, ele conseguiu a motivação para superar seus limites, voltou com tudo no Team Challenge Trophy e fez o primeiro quad flip da história em competições! No programa curto e no longo!!! Não tem como não amar esse menino e sua competitividade insana. ;P

Meus momentos preferidos dele na temporada foram o programa longo no Grand Prix Final e o programa curto no Team Challenge Cup. Vale mencionar também o programa longo no TCC, que apesar de apresentar vários problemas nas aterrissagens dos saltos, foi o layout mais difícil que ele apresentou (e ele estava tão feliz durante a apresentação! Parecia que estava prestes a cair na risada em alguns momentos). E não posso deixar de falar dos meus momentos preferidos off-ice: sua interação com o Yuzuru no pódio do GPF, que depois virou piada entre os dois no pódio do campeonato japonês, e o Yuzuru apertando a bochecha do Shoma na coletiva de imprensa. Adoro esses dois juntos!


Recordes, recordes, recordes



Essa temporada foi marcada por pontuações altíssimas. Houve um pouco de inflação generalizada, mas também houve um grande aumento do nível técnico, principalmente entre os homens. Logo no início, nos Grand Prix, vimos o Yuzuru Hanyu no NHK Trophy atingir os 322.44 pontos (SP, FS) para então bater o próprio recorde semanas depois na final do Grand Prix, com 330.43 (SP, FS). Não sou tão fã do Yuzuru assim, em geral as apresentações dele não me arrebatam, mas ele é um patinador muito empolgante de se assistir, bastante completo e com programas intrincados e dificílimos.

No final da temporada, no mundial, mais recordes foram batidos: Evgenia Medvedeva e Papadakis/Cizeron. A Evgenia teve uma temporada impecável, vencendo quase todas as competições de que participou, e terminou em alta, com o título mundial e 150.10 pontos no programa livre, batendo o recorde da Yuna Kim. Eu achava que Papadakis/Cizeron teriam dificuldade em superar o programa belíssimo do Mozart da temporada passada e em lidar com a concussão da Gabriella que os deixou de molho durante a primeira parte da temporada, mas eu estava errada. Eles não só venceram o mundial, como bateram o recorde que pertencia a Davis/White de maior pontuação na dança livre, com 118.17. Apesar de eu preferir o programa da temporada anterior (mais pela música, talvez, do que por qualquer outra coisa), não tem como não se impressionar com a fluidez e a elegância dos dois. Eles são o tipo de patinadores que te fazem esquecer dos elementos, da técnica e da competição e te fazem imergir na dança.

E não é que aprendi a gostar do Patrick Chan?


Já fui muito hater do Patrick Chan. Ele teve uma longa fase em que vencia tudo quanto era competição mesmo cometendo erros gravíssimos. Cansei de ver ele vencendo depois de duas, três quedas, graças aos componentes do programa altíssimos, muito superiores aos de seus oponentes. Para piorar, o auge do Patrick ocorreu em minha época mais fanática pelo Daisuke, então o Patrick era o inimigo a ser batido, e não ajudava nada o fato de ele vencer com notas que eu considerava injusta (o mundial de 2012 ainda dói um pouquinho). Por mais que ele realmente esteja em uma categoria acima dos outros quando se trata de Skating Skills, no resto sempre o achei bom, mas não excepcional.

No entanto, aos poucos o jogo foi virando e, depois de uma prata decepcionante na Olimpíada e um ano de hiato, Patrick teve uma temporada um tanto decepcionante, terminando em quarto no Grand Prix Final e em quinto no mundial. Os tempos são outros, e agora Patrick não pode mais depender do PCS, porque os melhores patinadores estão recebendo notas no mesmo nível (se merecem ou não, essa é outra questão). E, nessa era dos saltos quádruplos, em que dois quádruplos no programa curto e três ou quatro no longo viraram a norma se você está disputando o lugar mais alto do pódio, Patrick está em ligeira desvantagem. Ou seja, Patrick não pode mais se dar ao luxo de cometer erros. E o que ele fez nessa temporada? Cometeu muitos, muitos erros, com algumas apresentações lamentáveis.

Talvez por ele não ser mais a grande ameaça, comecei a apreciar mais sua patinação sem pensar demais em medalhas, pontuações e posições, e até me peguei torcendo por ele em alguns momentos. Ainda não é meu patinador preferido, mas quando ele vai bem, ele realmente é bom demais, vide seu programa longo no 4CC.

Nova competição: Team Challenge Cup


Este ano tivemos pela primeira vez o Team Challenge Cup, uma competição por equipes. Com os patinadores divididos em três times, Ásia, Europa e América do Norte, o evento supre algumas deficiências que as mais tradicionais competições por países apresentam: bons patinadores de países que são fracos nas outras categorias podem participar e a coisa toda não fica tão desbalanceada e previsível, com patinadores de diferentes países suprindo as deficiências uns dos outros (mesmo assim, a Ásia continua fraca na dança).

No papel a ideia é interessante, mas a competição começou a dar errado logo de início: os fãs podiam votar para selecionar um patinador e uma patinadora de cada equipe, mas houve suspeita de uso de bots, e muitos votos foram cancelados. No final, os organizadores não foram muito transparentes e não ficamos sabendo realmente o que houve, que votos contaram etc., o que tirou bastante da credibilidade do evento.


Mas no final, deu tudo certo. A competição teve abertura com direito a tapete vermelho, discursos e patinadores desfilando na passarela, tudo muito brega e divertidíssimo. Também teve um sistema todo diferentão, que deveria se basear na estratégia, mas no final era só questão de sorte mesmo. E rendeu ótimos momentos descontraídos entre os patinadores, com direito a Kristi Yamaguchi e Christopher Dean dançando Uptown Funk. A competição também foi boa para alguns patinadores, que tiveram seus momentos de redenção, como o já citado Shoma Uno, além do Denis Ten (no SP apenas) e Weaver/Poje, que foram lindos e pareciam muito mais leves do que no resto da temporada.

Sei que muita gente não gosta de competições pós-mundial, porque os patinadores estão cansados, mas gosto de ter um evento a mais para fechar a temporada após todas as emoções do mundial, então por mim o TCC pode ficar, alternando com o World Team Trophy.

Alguns dos meus programas preferidos (ainda não citados neste post)


Sui/Han - Spanish Romance: ótima coreografia, sequência de passos fenomenal, movimentos rápidos e precisos. (E a música do início me traz lembranças nostálgicas do My Chemical Romance, hahaha).

Stolbova/Klimov - The Man and the Shadow: adoro ouvir Danny Elfman na patinação. As músicas dele sempre rendem programas interessantes. Há uma certa tensão sombria que me agrada muito nesse programa.

Satoko Miyahara - Firedance e Un Suspiro: gostei muito dos dois programas da Satoko na temporada. Ela é uma patinadora elegante e refinada, e os dois programas apresentam muitos detalhes coreográficos interessantes.

Rika Hongo - Riverdance: essa música é tão contagiante. Sempre fico animada na hora da sequência de passos. Gosto da energia dela nesse programa, exalando alegria.

Gilles/Poirier - The Beatles: coreografia muito divertida e intrincada, com uns toques brincalhões muito legais.

Shibutani/Shibutani - Fix You: não sou muito fã de Coldplay, mas essa música caiu como uma luva para os Shibutanis e marcou o retorno deles ao pódio do mundial. Melhores twizzles de todos!

Expectativas para a próxima temporada


Hip hop na dança: o hip hop será uma das opções, junto com o swing, na dança curta. Imagino que a maioria dos atletas não vai se arriscar, mas estou curiosa para ver o que alguns vão fazer. Talvez seja um desastre, talvez seja algo fantástico (talvez seja algo fantasticamente desastroso. Adoro!).

Homens com cada vez mais quads: com uma nova geração passando para o sênior, teremos ainda mais patinadores com vários quádruplos na disputa. Apesar de a ênfase nos saltos difíceis tirar a atenção de outras partes do programa, admito que acho muito empolgante acompanhar a evolução do esporte.

Retorno de Virtue/Moir e Carolina Kostner: essa temporada não se mostrou a mais gentil com os patinadores que voltaram (Patrick e Mao), então imagino que será difícil para quem ficou duas temporadas fora. Gosto muito de Virtue/Moir e da Carolina e espero que eles não enfrentem tantas dificuldades.

É isso. Desculpa pelo post gigante que ninguém vai ler. ;P

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Randomicidades do mês: maio/2016

Mais um mês se passou, mais um post de randomicidades do mês.

Livros lidos


O boxeador polaco - Eduardo Halfon
Nota: 4,25


Musashi: A terra, a água, o fogo (vol. 1) - Eiji Yoshikawa
Finalmente comecei a ler Musashi! Gostei bastante desse primeiro volume. Imaginei que o livro teria um tom mais sério, mais voltado ao lado guerreiro do personagem e à filosofia por trás disso, mas, para o meu deleite, ele é bem leve, cheio de momentos cômicos e personagens hilários. Por enquanto não sou grande fã do protagonista e prefiro acompanhar as histórias dos outros personagens, mas espero que isso mude.
Nota: 4


O fio das missangas - Mia Couto
Nota: 3


Os Moomins e o chapéu do mago - Tove Jansson
Nota: 4


Eeyore's Gloomy Little Instruction Book - A. A. Milne
Livro fofinho de frases de sabedoria do grande Bisonho/Ió/Oió, melhor personagem da turma do Puff/Pooh. Adoro a visão depressiva e autodepreciativa que ele tem da vida! O livro é muito fofo, com ilustrações do autor, mas, bem, é um livro de frases e não oferece muito mais que isso.
Nota: 3


O clube da luta - Chuck Palahniuk
Apesar de um saber um grande spoiler do livro, eu não sabia quase nada sobre a história. Gostei do livro, mas, talvez porque eu esperasse demais, alguns aspectos me incomodaram. Não sou grande fã dos personagens e, em alguns momentos, o estilo do autor me cansou um pouco.
Nota: 3


Diga aos lobos que estou em casa - Carol Rifka Brunt
Amei esse livro! Ele se passa nos anos 80 e conta a história de uma menina que perdeu o tio, de quem ela era muito próxima, para a AIDS. É um livro intenso e sincero, com personagens bastante humanos. Gostei de como os relacionamentos são construídos e de como a autora abordou com delicadeza temas que poderiam ser meio indigestos.
Nota: 4,75

Quadrinhos


Dora - Bianca Pinheiro
Lido para o clube do livro. Eu já tinha lido o início do livro, disponível no site da autora, e ficado muito interessada (acho que gosto de histórias sobre crianças diferentes). A história é contada através de um relato da mãe de Dora para a polícia, deixando incerto o quanto podemos confiar em suas palavras. Gostei muito do traço da autora.
Nota: 4


Orange - Ichigo Takano (5 vol.)
Finalmente pude ler a série completa! Nesse mangá, uma menina recebe uma carta de seu eu futuro dizendo que um amigo dela vai morrer e pedindo para ela mudar algumas de suas ações para tentar salvá-lo. O mangá traz reflexões interessantes, mas eu meio que queria que ele mergulhasse mais fundo em alguns temas (como a coisa da "viagem no tempo"). Os personagens são bastante carismáticos, embora eu ache os dois protagonistas os mais insossos e prefira os que estão lá mais para alívio cômico do que para qualquer outra coisa (Hagita!). Ele apresenta alguns clichês do shoujo romântico que me irritam um pouco, mas que ao mesmo tempo acho fofo, e tem um foco bem legal na amizade entre os personagens.
Nota: 4

Animes


Genius Party
Projeto que reúne sete curtas de nomes importantes da animação japonesa, como Shinichiro Watanabe (Cowboy Bebop) e Masaaki Yuasa (Ping Pong). Como qualquer coletânea, ela apresenta altos e baixos, e infelizmente achei que teve mais baixos do que altos. Uma das animações, em especial, é muito chata: Limit Cycle (Hideki Futamura), cheia de frases filosóficas intermináveis. A redenção veio no último curta: Baby Blue (Shinichiro Watanabe), o menos experimental de todos e o mais comum, mas o mais bem conduzido em questão de narrativa. Alguns dos curtas são muito interessantes visualmente e alguns têm premissas bem interessantes, mas a maioria não me conquistou.
Nota: 3

Shoukoujo Sara
Finalmente terminei! Vou resenhar em breve.
Nota: 3,5

Comecei a assistir: Flying Witch, anime da temporada sobre uma bruxa que se muda para uma cidadezinha.

Filmes

Só vi filme de anime em maio. :P


Hotarubi no Mori e 
Adaptado de um one-shot da mesma autora de Natsume Yuujinchou (ainda não li nem assisti), o filme mostra o relacionamento entre uma menina e um youkai (criatura do folclore japonês). A menina sempre passa as férias de verão em uma cidadezinha, onde conhece o youkai após se perder no bosque. Eles se tornam amigos, mas o youkai não pode ser tocado por humanos, ou desaparecerá. É um filme bonito e agridoce. A trilha sonora é linda e ajuda muito a construir a emoção (e a te deixar à beira das lágrimas).
Nota: 4


Stranger: Mukou Hadan
Filme de samurai. Um rounin promete proteger um menino que está sendo perseguido por um grupo da China que pretende usá-lo em um ritual estranho. A história em si não apresenta nada de muito novo e os personagens não são os mais empolgantes, mas é tudo tão bem feito que você nem se importa. A animação é excelente, com muita fluidez nas cenas de ação e capricho nos detalhes.
Nota: 4

Shows

Vamos ver quem consegue me achar na foto?

Depois de meses sem ver show nenhum, finalmente fui a um, da Lucy Rose. Ela é uma cantora britânica de voz delicada, super gostosinha de ouvir. Conheci a música dela através de Mushishi, porque "Shiver" é a abertura da segunda temporada do anime (é uma combinação perfeita!). Nunca esperava que ela viesse para o Brasil e esperava ainda menos que viesse do jeito que veio: em uma turnê pela América Latina toda agendada por fãs, com shows gratuitos (tudo documentado nesse site aqui).

O show foi na House of Bubbles, uma lavanderia/sistema de aluguel de roupas pós-capitalista (hahaha), com a Lucy tocando na vitrine do segundo andar e o público na rua. Antes do show eu estava bastante pessimista, porque achava que ia dar bagunça. Ou a coisa ia lotar demais, não daria para ver nada e tumultuaria a rua, ou o som estaria péssimo e não daria para ouvir nada. No final, gostei bastante do esquema. Como cheguei cedo, peguei um bom lugar, de onde dava para ver e ouvir muito bem. O show foi razoavelmente tranquilo, a Lucy é uma fofa e soa muito bem ao vivo. Saí do show muito satisfeita, com as músicas dela na cabeça e vontade de que haja mais projetos como o dela no mundo.

Compras


Depois de alguns meses controlados, minha irmã resolveu fazer umas compras na internet e aproveitei para comprar uns mangás que estava querendo. O Estação Onze e o Carry On são da minha irmã. A amiga genial, que eu estava querendo ler faz um tempão, foi presente da minha irmã para mim (obrigada!).


Os quadrinhos que comprei foram O outro cão que guarda as estrelas e a nova versão de Rurouni Kenshin (li a primeira parte na internet e não gostei tanto, mas sou fã de RK e queria saber como a história continua, mesmo achando essa obra desnecessária). No começo do mês, comprei Dora, já lido.