terça-feira, 24 de maio de 2016

Livro: Os moomins e o chapéu do mago

Título: Os Moomins e o chapéu do mago
Título original: Trollkarlens hatt
Autora: Tove Jansson
Tradutora: Ana Carolina Oliveira
Editora: Autêntica

Meu primeiro contato com os Moomins se deu em uma das minhas fuçadas na seção de infantojuvenis importados da livraria. O simpático livrinho de capa azul com criaturas brancas e gorduchas chamou minha atenção e entrou para minha lista de livros que desejo mais pelo visual do que pelo conteúdo, mas nunca o comprei. Depois, fiquei sabendo que os Moomins são mais populares do que imaginava (tem até anime!), portanto fiquei bastante animada quando a Autêntica começou a publicar a série aqui no Brasil.

Os Moomins são pequenas criaturas curiosas e aventureiras. Neste livro, que é o terceiro da série, eles encontram um chapéu mágico que pertence ao Hobgoblin, um poderoso feiticeiro. O chapéu transforma uma coisa em outra, mas, até os Moomins descobrirem o que ele realmente faz, muitas confusões acontecem, e eles se divertem com coisas como nuvens flutuantes e se apavoram com algumas das criações do chapéu. Com a história do chapéu como fio condutor, o livro também tem espaço para outras aventuras, como a expedição dos Moomins à Ilha dos Amperinos e a grande caçado ao Mameluke.

Os personagens são adoráveis e divertidos. Gosto especialmente de Snufkin, o viajante solitário e tranquilo, e de Muskarato, o filósofo niilista e ranzinza (que aparentemente só aparece em mais um livro além deste, magoei). A maioria dos personagens tem aquela ingenuidade fofa que os leva a confusões e desentendimentos engraçadinhos e que me lembra um pouco o livro Winnie Puff que eu tanto amo. Assim como Puff, acho que Moomins é uma série que eu teria amado se tivesse lido quando era mais nova, e fico meio triste ao pensar que só pude ler agora e não tive a chance de acompanhar esses personagens desde criança.

Esta edição está muito bonitinha, com capa dura e as ilustrações originais da autora, que são um show à parte. Espero que os livros façam sucesso e a editora publique todos no Brasil, porque é bom finalmente ter uma série tão famosa publicada por aqui.

Livro lido para o Desafio Volta ao Mundo e para meu projeto Volta ao Mundo em 80 Livros, representando a Finlândia.

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Livro: O fio das missangas

Título: O fio das missangas
Autor: Mia Couto
Editora: Companhia das Letras

Esse é o quarto livro do Mia Couto que leio e o primeiro de contos. Em geral sou muito fã de contos, mas tenho certa dificuldade em ler vários em seguida, que foi mais ou menos o que fiz neste caso. Eu já tinha lido um dos contos para uma aula, há alguns anos, e na ocasião gostei bastante, mas agora sinto que nenhum dos textos foi especialmente memorável ou se destacou dos outros.

O livro reúne 29 contos curtos, como missangas em um colar, com a voz do autor como fio. As narrativas apresentam a prosa poética e as brincadeiras com as palavras típicas do Mia Couto. São histórias simples e sensíveis, tratando de amor, morte, solidão e outras questões bastante humanas, muitas delas focadas no universo feminino.

Em livros de contos, sempre têm alguns contos que agradam mais e outros que agradam menos, portanto, li o livro com a expectativa de encontrar uma pequena joia que se destacaria dos outros textos, mas não a encontrei. Achei as histórias mais ou menos uniformes, sem nada excepcional e nada particularmente ruim. Para mim, o problema do livro é que os contos são curtos demais. Não dá tempo para se aclimatar a cada história e cada personagem, o que impede um envolvimento maior com a leitura e me deixou com uma leve sensação de insatisfação ao final de cada conto.

A escrita do Mia Couto continua bela como sempre, disso não posso reclamar. Porém, não foi o suficiente para me conquistar. Talvez uma leitura mais tranquila, com tempo para degustar cada palavra, me faria apreciar mais o livro, não sei.

Livro lido para o Desafio Skoob (autor africano) e para meu Desafio Volta ao Mundo em 80 Livros (Moçambique).

sexta-feira, 13 de maio de 2016

Mangá: A Drifting Life

Título: A Drifting Life
Título original: Gekiga Hyouryuu
Autor: Yoshihiro Tatsumi
Tradutor: Taro Nettleton
Editora: Drawn & Quarterly Publications (Canadá)
Ano de publicação dessa edição: 2009 (publicado no Japão em 2008)

Não costumo ler biografias e memórias. Tenho esse preconceito bobo de que, na literatura, se uma história é real, ela perde parte da graça. Porém os quadrinhos biográficos estão aí para me fazer rever meus conceitos. Retalhos, Persépolis, Maus, Cicatrizes. Todos apresentam ótimas histórias sem ficar com muita cara de fatos reais. Por isso, decidi encarar A Drifting Life, mangá autobiográfico de Yoshihiro Tatsumi.

Tatsumi (1935-2015) foi um autor de mangá conhecido por ter cunhado o termo "gekiga" (figuras dramáticas). Em uma época em que o que predominava no mercado eram os mangás cômicos e infantis, Tatsumi e outros artistas passaram a usar o termo para diferenciar suas obras, mais sérias, realistas e adultas, do resto. Posteriormente, o gekiga se popularizou, influenciando até grandes nomes como Osamu Tezuka e dando origem ao que foi chamado de "Era de Ouro do Mangá". Hoje essa influência é menor, mais notável nos mangás seinen e nas obras menos comerciais.

A Drifting Life mostra a formação de Tatsumi como artista: sua paixão pelos mangás do Tezuka; as primeiras tirinhas que enviou para revistas; o companheirismo e as brigas com o irmão, que compartilhava com ele a paixão pelos quadrinhos; suas primeiras histórias publicadas; a formação da revista Shadow, coletânea de histórias curtas adultas; a luta para sobreviver de mangá e para entregar os trabalhos no prazo; e o mais importante, a formação de um novo estilo de mangá, o gekiga. Permeando sua vida pessoal, o livro também mostra os acontecimentos históricos (o mangá se inicia logo após a rendição do Japão na Segunda Guerra), inovações tecnológicas e tendências culturais da época.

Como qualquer obra biográfica, o livro é mais interessante para quem é familiarizado com o trabalho do autor e com os artistas e mangás da época. Como não manjo nada de mangás antigos, fiquei um pouco perdida quando nomes eram citados, mas o que realmente me fez falta foi saber como eram os mangás mainstream da época e como a obra de Tatsumi e seus colegas se diferenciava deles. O livro mostra algumas das inovações e influências que esses autores trouxeram, como um estilo mais cinematográfico, por exemplo, mas achei que ficou um pouco vago. Provavelmente o leitor japonês ou o aficionado por mangás não teria esse problema. De qualquer maneira, fiquei curiosa para conhecer as obras deles. (Mas vou atrás? Provavelmente não).

Também achei que o livro poderia mergulhar mais fundo na obra e na vida de Tatsumi. O autor adota um tom factual que dá certa frieza ao livro, principalmente mais para o final, que foca no mercado editorial de mangás e na rotina dos autores para manter os trabalhos em dia, além da discussão sobre o gekiga. Eu queria um pouco mais de relacionamentos humanos e de motivações internas, queria sentir a paixão que o protagonista e seus colegas têm pelo mangá, mas em grande parte do tempo o que o livro oferece é uma sucessão de fatos, o que se tornou meio entediante depois de um tempo.

Apesar de não ser o quadrinho autobiográfico mais caloroso, emocionante e envolvente que há por aí, A Drifting Life é uma obra bastante interessante. Para quem gosta de mangás, ela é uma grande aula sobre essa mídia e o mercado no período do pós-guerra. E para quem não gosta, bem, suponho que não seja o livro mais adequado, mas ainda assim dá para se divertir.


Livro lido antecipadamente para o Desafio Skoob (agosto: biografia)

sexta-feira, 6 de maio de 2016

Livro: O boxeador polaco

Título: O boxeador polaco
Título original: El boxeador polaco
Autor: Eduardo Halfon
Tradutor: Lui Fagundes
Editora: Rocco

Meu segundo livro da coleção Otra Língua da Rocco, que reúne obras da América Latina originalmente escritas em espanhol. Essa coleção é relativamente recente e apresenta vários autores não tão conhecidos por aqui, de países bastante variados, uma boa opção para quem, como eu, busca ler livros de países diferentes.

O boxeador polaco reúne cinco contos e um discurso. Sempre protagonizados e narrados por um personagem chamado Eduardo Halfon, professor universitário de literatura, os contos apresentam um estilo metaliterário, com muitas referências à literatura, à arte do conto e a obras e autores variados, que em outros casos poderia se transformar em algo chato, pretensioso e pedante, mas que aqui é bastante acessível. Em meio a aulas introdutórias sobre o conto para turmas desinteressadas, palestras enfadonhas sobre Mark Twain e conversas sobre arte, os contos conseguiram me deixar com uma nostalgia agradável da faculdade (mas é só pensar em provas e trabalhos que a nostalgia passa rapidinho).

Apesar de serem contos independentes, eles compartilham o protagonista e algumas temáticas, podendo ser lidos como uma espécie de romance. O conto que dá título ao livro, "O boxeador polaco", por exemplo, sobre a experiência narrada pelo avô sobre sua passagem por um campo de concentração, é citado brevemente nos contos anteriores, o que dá coerência aos contos como parte de um todo.

Eu não estava esperando muito do livro, até porque não estava com muita disposição para ler contos, mas me surpreendi bastante com a escrita do Halfon e com sua abordagem da literatura, da arte e da ficção.

Livro lido para o Desafio Volta ao Mundo em 80 Livros, representando a Guatemala.

segunda-feira, 2 de maio de 2016

Randomicidades do mês: abril/2016

Livros lidos


Caçadores de bruxas - Raphael Draccon
Lido para o clube do livro. Durante a infância e adolescência, fui muito fã de fantasia, mas hoje  torço um pouco o nariz para esse gênero (abro uma exceção para os infantojuvenis). Apesar disso, achei o livro bem envolvente e divertido, principalmente porque a história tem relação com contos de fadas, e eu adoro contos de fadas. O narrador é engraçadinho e despojado, o que às vezes funciona, mas outras vezes parece meio forçado (querendo ser Terry Pratchett talvez?). O livro faz parte de uma série e, apesar de ter gostado razoavelmente deste, não tenho intenção de ler os seguintes.
Nota: 3,25


Sendo Nikki - Meg Cabot
Nota: 3,75


Na passarela - Meg Cabot
Estava com expectativas altas para esse livro depois de Sendo Nikki, mas me decepcionei. Estava curiosa para descobrir os segredos da Stark e, apesar de essa parte ter se desenvolvido razoavelmente, tive que aguentar páginas e páginas de romancinho besta. Essa série se mostrou bem irregular no final, mas valeu por todas as insanidades.
Nota: 3


O mar - John Banville
Nota: 3,25


A diaba e sua filha - Marie NDiaye
Livro infantil curtinho. É bonito, mas não me tocou.
Nota: 3


O carrinho branco - Danuta de Rhodes
Livro do mesmo autor de Timoleon Vieta volta para casa, assinando com um nome feminino por motivos que desconheço (eu realmente espero que não seja porque esse é um livro mais leve e bobinho e, portanto, "feminino"). Ele conta a história de uma jovem que acabou de terminar com o namorado e, ao voltar para casa meio bêbada, provoca o acidente que matou a princesa Diana. Achei muito divertido!
Nota: 4


Não conte a ninguém - Harlan Coben
Primeiro livro do Harlan Coben que leio. Apesar de a história ter me prendido e eu ter ficado satisfeita com o mistério e com a resolução, meio que odiei a maioria dos personagens. O casal principal tem um relacionamento perfeito irreal, e o autor tenta demais vender essa imagem de almas gêmeas, mas eu não comprei, desculpa.
Nota: 3


A arte de ser normal - Lisa Williamson
YA sobre transexualidade na adolescência. O livro é uma graça, gostoso de ler, aborda temas importantes e eu gostei bastante, mas sinto que a maioria dos YAs que ando lendo é meio parecida e esse não se destacou especialmente. Gostaria de ver um pouco mais de desenvolvimento dos personagens. 
Nota: 3,75

Quadrinhos


Adolf - Osamu Tezuka
Nota: 4


Preto e branco - Taiyo Matsumoto
Mangá dos anos 90, publicado aqui no Brasil pela Conrad. Ele já foi adaptado para filme em 2006 (Tekkon Kinkreet) e demorei um tempão para associar o filme ao mangá, devido ao título em português. De qualquer forma, ainda não vi o filme. O mangá é protagonizado por dois meninos de rua, Branco e Preto. Um é inocente, o outro é durão, e juntos eles lutam para sobreviver em um ambiente hostil, ameaçado por gangues que querem dominar a cidade. A arte, influenciada por quadrinhos europeus, é bem diferente dos mangás que costumo ler e, apesar de não ser das mais agradáveis esteticamente, é muito interessante. A história não me conquistou por completo, infelizmente, mas gostei da ideia e dos personagens.
Nota: 3,25


Three Shadows - Cyril Pedrosa
Escolhi esse quadrinho na biblioteca sem saber nada sobre ele, e foi uma escolha acertada. Gostei da história, sobre a inevitabilidade da morte e a dificuldade de lidar com ela, e adorei a arte em preto e branco, lindíssima.
Nota: 4

Séries / Animes


Terrace House
Reality show japonês que reúne seis pessoas que não se conheciam em uma casa. Elas continuam levando suas vidas normais e nós observamos como elas interagem. Ouvi falar do programa no blog da Dela Rosa e fiquei levemente interessada. Aí minha irmã começou a assistir e, como os episódios têm apenas 30 minutos, resolvi dar uma chance também. O reality não tem nada de espetacular e começa bem morno, mas é bastante viciante. Um aspecto que me desagradou no início e me conquistou com o tempo é a presença de um grupo que assiste ao programa e faz comentários. É interessante ver como eles reagem a algumas ações, e eu ri muito de alguns dos comentários deles!
Nota: 3,75


Shouwa Genroku Rakugo Shinjuu
Resenha aqui
Nota: 4,5


HaruChika: Haruta to Chika wa Seishun Suru
Sempre sou atraída pelos animes musicais, e nesse caso não foi diferente. Os protagonistas do anime são Haruta, um garoto inteligente ótimo nas deduções, e Chika, uma menina atlética e tsundere que quer ser mais feminina e por isso decide se juntar ao clube de instrumentos de sopro. Cada episódio apresenta algum mistério a ser resolvido: uma mensagem secreta na lousa, um quebra-cabeça deixado pela falecido irmão de uma menina da escola, o comportamento estranho de alguém que eles querem que se junte ao clube. Alguns dos mistérios são realmente interessantes, se integram bem ao resto da história e conseguem revelar mais dos personagens. Outros são bem aleatórios. As soluções dos mistérios às vezes surgem do nada, deduzidas pelo menino gênio Haruta sem que possamos acompanhar direito seu processo de pensamento, e isso é confuso e irritante. Apesar de o anime se vender como anime de música, o foco maior realmente são os mistérios. A música é o elo entre os personagens, mas há poucas cenas com eles tocando juntos, e mesmo o torneio de bandas, que é o objetivo deles, não tem tanto espaço na trama. Achei isso uma pena, porque, no núcleo principal, vários tocam instrumentos que eu gosto e eu queria ouvi-los mais.
Nota: 3,5


Sekkou Boys
Anime curto com premissa bizarra nº1: ex-estudante de arte consegue trabalho como gerente de um grupo de idols, mas o tal grupo é formado por quatro estátuas: Marte, Médici, São Jorge e Hermes. A partir daí, acompanhamos seu dia-a-dia na estrada para o sucesso. É estranho e divertido.
Nota: 3,5


Sushi Police
Anime curto com premissa bizarra nº2: um grupo de puristas do sushi viaja pelo mundo combatendo as atrocidades cometidas contra tão nobre alimento. Achei a sinopse é melhor que o anime em si e a música de encerramento acompanhada pelas curiosidades sobre o sushi também.
Nota: 2,5

Comecei a assistir: Michiko to Hatchin, Genius Party, Master of None

Filmes


Sinfonia da necrópole
Filme da mesma diretora de Trabalhar cansa, Juliana Rojas. É um musical cômico que se passa em um cemitério protagonizado por um aprendiz de coveiro muito sensível. Como falta espaço para novos túmulos, a direção do cemitério deseja implantar mudanças, livrando-se de túmulos antigos e verticalizando o cemitério. É um filme bem estranho, bastante divertido e com sua dose de crítica social.
Nota: 3,5


Fantasia
Revi para o clube do filme. Fantasia provavelmente foi o filme que me fez gostar de música clássica e sou muito grata a ele por isso. Adoro as escolhas musicais e como os animadores as interpretaram. Minha parte preferida é a da Pastoral, claro. A música já está tão associada com o filme que toda vez que a ouço vejo mentalmente unicórnios, pégasus e centauros. Antes de cada animação há uma breve apresentação da música e da ideia por trás da animação. Não sei se sempre foi assim ou se assisti a uma versão diferente da que costumava ver, mas achei meio cansativa e didática demais essa falação; ele basicamente narra o que vai acontecer na animação. Qual é o sentido?
Nota: 4

Aquisições


Estava me contendo nas compras porque tinha mais de cem livros sem ler aqui em casa, mas agora baixei para noventa e oito, então as compras estão liberadas, hahaha. De qualquer forma, comprei esse da Diana Wynne Jones porque ele estava disponível naquelas máquinas que vendem livro no metrô e eu já tinha visto ele uma vez, faz tempo, não comprei e me arrependi. Também comprei o último volume de Orange e finalmente lerei o mangá. :)