quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Volta ao mundo em 80 livros: Um, dois e já

Título: Um, dois e já
Título original: Prontos, listos, ja
Autora: Inés Bortagaray
Tradutor: Miguel Del Castillo
Editora: Cosac Naify

Essa é a minha 40ª leitura para o projeto Volta ao mundo em 80 livros! Cheguei à metade da minha meta em pouco mais de dois anos e meio e, por mais que a primeira metade seja a mais fácil, os números até que são bem animadores.

É curioso que, depois de 39 livros e mais de dois anos de projeto, só agora eu tenha lido um livro uruguaio. Eu tinha várias opções de autores do país para escolher na biblioteca, mas estava decidida a ler esse sei lá porquê, então fiquei um tempão ponderando se devia comprar ou não e, quando finalmente estava pendendo para o sim, ele apareceu magicamente na biblioteca, pequeno e discreto entre os seus conterrâneos.

O livro é narrado por uma menina que viaja de carro com os pais e os três irmãos. Durante o percurso, em que ela e os irmãos se revezam no lugar privilegiado ao lado da janela, acompanhamos suas divagações, suas lembranças, o que ela observa pelo caminho, as brincadeiras que eles fazem para passar o tempo, as pausas para esticar as pernas. É tudo bastante nostálgico e eu me vi lembrando das viagens que fazia com a família até a casa de praia, com todas as coisas que inventávamos para ocupar o tempo e aquela mistura de tédio e empolgação.

Um, dois e já é um livro é curtinho, em uma edição pequenina e simpática que quase some na estante. É uma leitura rápida e gostosa, para ler em uma sentada ou quem sabe em uma viagem de carro, se você é desses sortudos que consegue ler em movimento, porque eu não consigo.

sábado, 21 de novembro de 2015

Anime: Kino no Tabi


Kino no Tabi
Diretor: Ryuutarou Nakamura
Ano: 2003
Nº de episódios: 13 (mais dois filmes curtos e um especial)

Sempre ouvi elogios a esse anime, alguns mais contidos, outros que o anunciavam como uma obra-prima profunda e reflexiva. Porém, mais do que os elogios, o que me atraiu foram as comparações com Mushishi, meu anime preferido. Gosto de obras episódicas, atmosféricas e com um ritmo mais lento, e Kino no Tabi prometia ser do meu agrado.

O anime acompanha Kino, uma viajante, e sua motocicleta falante, Hermes, enquanto eles viajam por diferentes países. Em sua jornada, a garota conhece países grandes e pequenos, tecnologicamente avançados e atrasados, em paz e em guerra, iguais e desiguais. Kino estabeleceu para si uma regra de ficar no máximo três dias em cada país e, assim, ela observa os costumes locais e conhece pessoas diferentes sem se envolver demais, em uma experiência quase antropológica.


Cada episódio mostra algum aspecto da sociedade de maneira alegórica e apresenta questões filosóficas e sociais. Em um deles, por exemplo, Kino chega a um país com forte divisão de classes. Os pobres vivem isolados da camada mais rica, e os únicos que podem ascender socialmente ali são os viajantes, se vencerem um torneio lutando contra outros viajantes. Em outro episódio, Kino conhece um país em que todos se dedicam a construir uma torre gigantesca. Todos os habitantes e todo o material são empregados nisso, mas ninguém está muito certo do motivo, fazendo sua parte sem questionamentos.

Como em qualquer série episódica, alguns episódios vão agradar mais do que outros. Eu adorei os primeiros e os últimos, mas achei alguns no meio bem chatinhos e me senti perdida em certos momentos. Alguns dos episódios costuram várias histórias com temáticas semelhantes juntas, e às vezes achei a junção não tão coesa quanto eu gostaria. Como cada história tem um formato próximo ao de parábolas, a mensagem principal geralmente é bem clara, mas a série também apresenta sutileza o suficiente para te fazer pensar além disso e tentar interpretar de outras formas, o que a torna ótima para assistir várias vezes.


Não sou a maior fã da Kino como personagem. Ela é corajosa, centrada e inteligente, mas bastante fria, quase sempre distante dos outros personagens. Ela raramente demonstra vulnerabilidade, e talvez seja disso que eu sinta falta. Hermes, por outro lado, é bastante carismático e está sempre fazendo perguntas e falando coisas engraçadinhas. A dupla funciona bem, e é interessante acompanhar as conversas dos dois.

Se no início eu tinha receio de que o anime fosse pretensioso demais, descobri que esse receio era infundado. Apesar de alguns aspectos que me incomodaram, Kino no Tabi merece os elogios que recebe e alguns de seus episódios estão entre as melhores coisas que já vi nos animes.

quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Morte e vida de Charlie St. Cloud

Título: Morte e vida de Charlie St. Cloud
Título original: The death and life of Charlie St. Cloud
Autor: Ben Sherwood
Tradutor: Ivar Panazzolo Junior
Editora: Novo Conceito

Minha tia me emprestou esse livro faz um tempão e ele ficou empacado na estante. O jeitão de romance emocionante e edificante dele não me atraía nem um pouco e o que mais me motivava a lê-lo eram os antônimos no título, que fazem dele uma opção válida para o 2015 Reading Challenge (desafio que não vou conseguir completar, mas tudo bem).

Esse livro que virou filme e tem um Zac Efron com expressão de enlevo na capa trata de Charlie, um rapaz que perdeu o irmão mais novo em um acidente de carro. O acidente quase matou Charlie também, e essa experiência lhe dá o dom de ver espíritos. Os anos passam e ele leva uma vida tranquila trabalhando em um cemitério, onde se encontra com o espírito do irmão todos os dias após o sol se pôr, cumprindo sua promessa de não abandoná-lo. Eles jogam beisebol e se divertem bastante, mas, preso pela promessa, Charlie deixa de viver parte de sua própria vida e de criar vínculos mais profundos com as outras pessoas, até que conhece Tess, uma mulher corajosa e decidida que pretende navegar ao redor do mundo, e se apaixona.

Apesar de os elementos principais do livro não me atraírem, de os personagens serem bastante insossos e de todo o papo de milagres e mundo espiritual encher o saco, minha leitura foi agradável. As páginas passaram voando mesmo quando quase nada acontecia, e até as partes chatas (trechos sobre barcos... zzzzz) ou as que me faziam revirar os olhos não foram tão insuportáveis quanto eu esperava. Talvez isso se deva às baixíssimas expectativas, até porque minha irmã leu antes e fez um pouco de propaganda negativa, o que sempre ajuda.

Avaliando friamente pós-leitura, achei o livro fraco e esquecível, mas não chato. Ele entretém e é fácil de ler, porém o vínculo entre o casal principal não me convenceu nem um pouco, o que torna a metade final decepcionante. Além disso, não gosto muito de livros com um tom religioso. Ele não chega a ser do tipo pregador, mas vive colocando Deus na boca dos personagens nas pequenas coisas, e eu, em minha realidade de Lígia, a Ateia, simplesmente não compreendo. Ou seja, o livro realmente não é a minha praia, mas pelo menos ele fluiu bem e atualmente é isso o que importa para mim.

terça-feira, 10 de novembro de 2015

Volta ao mundo em 80 livros: A ovelha negra e outras fábulas

Título: A ovelha negra e outras fábulas
Título original: La Oveja negra y demás fábulas
Autor: Augusto Monterroso
Tradutor: Millôr Fernandes
Editora: Cosac Naify

Esse livro reúne fábulas curtinhas em uma versão moderna, com bastante humor, ironia, crítica social e muitas referências literárias e políticas. Há contos como o da mosca que sonha em ser águia, mas que se angustia ao se imaginar como águia e também se entristece ao ser apenas mosca; do macaco que deseja ser escritor satírico; e do porco da criação de Epicuro que se ocupa escrevendo poesia.

Não sou a maior fã de fábulas e admito que não gostei / não entendi alguns dos textos presentes no livro. Imagino que se eu tivesse mais tempo e pudesse degustar as narrativas aos poucos, acabaria gostando mais delas.

Não tenho muito mais a dizer sobre o livro, portanto escolhi uma fábula curtinha que me agradou para vocês verem qual é o estilo geral dos textos:

O fabulista e seus críticos

 Na selva vivia há muito tempo um Fabulista cujos criticados se reuniram um dia e o visitaram para queixar-se dele (fingindo alegremente que não falavam por eles mas pelos outros), na base de que suas críticas não nasciam da boa intenção mas do ódio.

Como ele estava de acordo, eles se retiraram envergonhados, como na vez em que a Cigarra se decidiu e disse à Formiga tudo o que tinha de dizer.

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Decidi que vou classificar o autor como hondurenho para meu desafio, mas ele é o tipo de pessoa que desafia classificações de nacionalidade: nasceu em Honduras, mas passou a infância e a juventude na Guatemala, onde iniciou sua vida literária. A mãe era hondurenha e o pai era guatemalteco. Depois ele morou no México, no Chile e na Bolívia para então voltar ao México.

quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Randomicidades do mês - outubro

Outubro foi um mês que passou rápido demais. Por coincidência, ele acabou sendo um mês quase temático para mim, mas em vez de ser apenas o mês do terror, devido ao halloween, virou o mês LGBTQIA, porque li dois livros e vi um anime sobre o tema.

Livros lidos

A outra volta do parafuso - Henry James
Nota: 3,25

Nosferatu - Joe Hill
Nota: 3,75

A ovelha negra e outras fábulas - Augusto Monterroso
Resenha em breve
Nota: 3

Menino de ouro - Abigail Tarttelin
Nota: 3,75

Middlesex - Jeffrey Eugenides
Foi só reclamar nas randomicidades do mês passado que não estava amando nenhum livro que li neste ano que encontrei um que amei. Middlesex foi muito comentado ao ser lançado e todos estavam adorando, então minhas expectativas estavam altíssimas. Ele conta a história de Cal, um intersexual que foi criado como menina, sem saber de sua condição, e decide narrar sua vida a partir da história de seus avós gregos. Em alguns momentos o livro me lembrou Tristram Shandy, em seu foco na família e em certas digressões, mas pode ser coisa da minha cabeça que passou a ver influência do Sterne em tudo. Esse foi o terceiro romance do Eugenides que eu li e, vejam só, adorei todos! Parabéns, Eugenides, você está oficialmente na minha listinha de autores preferidos. :)
Nota: 4,5


Marcelo no mundo real - Francisco X. Stork
YA sobre um menino com uma forma leve de autismo obrigado pelo pai a trabalhar durante as férias em seu escritório de advocacia. É uma leitura bem gostosa e apresenta questões interessantes, mas não gostei tanto de todo o cotidiano do Marcelo na firma e de alguns personagens.
Nota: 3,25

Mangás

Limit

Em andamento:
Finalmente comecei a ler Limit (estou no volume 3) e estou gostando. Continuo acompanhando a passos lentos Piyuu to Fuku! Jaguar.

Yuusha-tachi

Finalizados:
Li dois one-shots. Yuusha-tachi, do Inio Asano, é uma história sobre o que acontece com um grupo de heróis após vencerem a batalha, em seu suposto final feliz. É interessante e a arte é bem fofinha. Tem uma análise interessante sobre o mangá no Portal Tanaka.
Tsuki no Yoru do Jiro Taniguchi eu descobri meio por acaso pesquisando sobre o autor. A história tem a ver com o romance Sanshiro (resenha) e só faz sentido se você já leu o livro.

Animes

Kurayami Santa

Terminei de ver Hourou Musuko (resenha) e Kurayami Santa, um anime curto que mistura filmagens reais da Era Showa e animação. O protagonista é um menino que mantém o equilíbrio entre o mundo espiritual e o mundo humano e para isso tem que lidar com monstros e com pessoas e sua crueldade e idiotice. Em episódios de três minutos não dá para elaborar muito, mas eu curti o anime, sua estética retrô, suas explicações sobre o período, o protagonista dúbio e alguns momentos sem noção/trash.

Shoukoujo Sara

Comecei a ver Shoukoujo Sara, baseado no romance inglês A princesinha da Frances Hodgson Burnett. Gosto muito do livro e estou curiosa para ver como vão transformá-lo em um anime de 46 episódios sem que fique chato e repetitivo. Também iniciei um anime curtinho dessa temporada, Kowabon, animação de terror em rotoscopia. Estou achando interessante.

Filmes


Não vi muita coisa em outubro. Até estava com vontade de assistir mais filmes, mas... preguiça.
O filme do mês do meu clube do livro que também é do filme foi Pacto Sinistro do Hitchcock. Adoro as poucas coisas que vi do diretor, então estava com altas expectativas, mas acabei me decepcionando um pouco. Também vi o filme que faltava de Digimon Adventure 02, Diablomon no Gyakushuu, que é uma continuação do Bokura no War Game! e foi divertidinho. E, finalmente, dei prosseguimento ao meu projeto Ghibli e vi Chie, a pirralha (resenha).

Aquisições


Ganhei o livro As preces são imutáveis da Michelle do blog Resumo da Ópera. Muito obrigada, Michelle! O livro parece ser muito interessante e, como ainda não li nada da Turquia, vai valer para o meu desafio Volta ao Mundo em 80 Livros. :)

O vitral encantado estava bem baratinho na Saraiva e comprei de impulso porque adoro o pouco que li da autora. E finalmente, o quarto volume de Limit também chegou aqui em casa.