segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Projeto Ghibli #4: Chie, a pirralha


Chie, a pirralha
Título original: Jarinko Chie
Diretor: Isao Takahata
Ano: 1981

Baseado em um popular mangá de Etsumi Haruki, o filme é protagonizado por Chie, uma menina independente e responsável que cuida sozinha de casa e do bar da família enquanto o pai, Tetsu, sai para beber, jogar, brigar e torrar seu dinheiro. A mãe de Chie abandonou a família devido aos vícios de Tetsu, mas as duas continuam se encontrando em segredo, e a garota deseja fortemente que ela volte para casa.

Apesar de a sinopse sugerir um grande dramalhão, o filme é leve e cômico. Testsu é engraçadíssimo e as figuras com quem ele convive (muitas vezes inimigos que acabam virando amigos) são ainda mais engraçadas, como o dono de uma casa de apostas e seu gato lutador, Antonio. Já Chie é uma menina durona, que obviamente é quem manda na casa, mas que também tem seus momentos de vulnerabilidade, como quando está com a mãe. Apesar de Tetsu ser um brigão malandro e sempre constranger a filha (as cenas de Tetsu indo apoiar Chie na escola são um misto de hilariedade e vergonha alheia), ele é bem intencionado quando o assunto é a Chie. O relacionamento deles é cheio de briguinhas e mal-entendidos, mas no fundo eles se amam.

Tetsu e Chie

A verdade é que eu não estava muito animada para ver esse filme, porque o título (vocês não acham que "pirralha" sugere algo como uma pestinha insuportável?) e a arte me fizeram imaginar algo cheio de travessuras infantis exageradas e piadinhas sem graça, porém ele me surpreendeu com seu humor descomplicado, os personagens carismáticos e, principalmente, a história da família desestruturada de Chie. O filme é bastante simples e não explora muito a fundo esse relacionamento em meio a outras subtramas, mas achei que o assunto foi tratado com delicadeza e realmente me tocou.

Se tenho algo a me queixar é que o longa tem alguns probleminhas de coesão e às vezes parece mais um compilado não tão bem arquitetado de episódios semi-independentes. Eu aceitei bem algumas mudanças nos relacionamentos e personagens que poderiam ser mais graduais, mas ainda não entendi qual é o sentido do duelo dos gatos no final. É engraçado? Sim. Mas usar isso como o clímax do filme? Achei estranho, embora isso não tire o brilho do resto da obra.

Chie, a pirralha não é um dos filmes mais conhecidos do Takahata e, sinceramente, não é uma obra-prima imperdível, mas é charmoso, divertido e apresenta personagens cativantes. Vale a pena dar uma chance!

4 comentários:

  1. Resenha muito legal! ^_^

    A falta de coesão talvez venha do filme ter pegado a estrutura do mangá ao qual se baseia. Mas é uma pena que o Takahata não tenha conseguido evitar isto - em outra obra dele em que poderia acontecer o mesmo, Meus Vizinhos, os Yamada, ele conseguiu evitar isto, acho. ...ou não.

    Estou com muita vontade de assistir Chie! Me pergunto se o chapéu de malandro pode ter sido inspirado por brasileirices. Imagino que não.

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    1. Obrigada, Monsair!

      Sim, imagino que as várias subtramas do filme façam mais sentido no mangá. Ainda não vi "Os Yamada". :/

      Nem tinha parado para pensar sobre o chapéu. Agora fiquei curiosa para saber se tem algo a ver, mas acho que o personagem não usa o chapéu sempre.

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  2. Esse é mais um do Ghibli que eu não conhecia. Depois de séculos de atraso, assisti Serviços de Entrega da Kiki e amei demais!!! Achei muito fofo! Virou um dos meus favoritos do mestre Miyazaki! hehehe

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    1. Kiki é muito fofo. Assisti faz bastante tempo e não lembro direito, preciso fazer o projeto andar mais rápido para poder rever esse e outros logo.

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