sábado, 28 de março de 2015

Grande irmão

Título: Grande irmão
Autora: Lionel Shriver
Editora: Intrínseca

Pandora é uma mulher realizada profissionalmente com uma vida familiar e amorosa satisfatória. Seu irmão mais velho, Edison, é um pianista de jazz cujos dias de glória ficaram no passado. Sem dinheiro nem para pagar o aluguel, ele se hospeda com a irmã por alguns meses. Para a surpresa de Pandora, Edison, que antes era esbelto e elegante, agora pesa 175 quilos. Preocupada com a saúde do irmão, Pandora oferece ajuda e propõe a ele uma dieta radical, colocando o próprio casamento em risco.

Depois de Precisamos falar sobre o Kevin, que foi uma leitura incrível, saí comprando os livros da Lionel Shriver sempre que os via em promoção. Resultado: tenho quatro livros dela, sendo que só um tinha sido lido. Finalmente tirei um pouco do peso na consciência e li mais um livro da autora.

Grande irmão aborda de forma crítica o problema da obesidade, falando tanto do impacto que ela pode ter sobre a saúde quanto do preconceito com que as pessoas gordas são vistas pelos outros, como se a obesidade fosse uma falha moral ou mera falta de força de vontade. A autora também reflete sobre o papel social da alimentação, o que achei muito interessante, pois nunca tinha pensado muito sobre isso.

Apesar de eu ter gostado bastante da leitura, não me envolvi tanto quanto esperava. Talvez isso se deva em parte a eu ter achado alguns personagens meio caricatos/exagerados, principalmente Edison e Fletcher, o marido de Pandora. Também pode ser porque achei que o livro tem um tom um pouco mais "conscientizador" do que eu imaginava, mas isso é esperado, já que a própria Lionel Shiver teve um irmão que morreu em decorrência da obesidade.

O que me interessou mais no livro foi o lado familiar da coisa: a cumplicidade entre os irmãos que dividem um passado comum e gostam de ficar zombando do pai obcecado pela fama, a fragilidade do casamento entre Pandora e Fletcher, o relacionamento entre Pandora e os enteados e as reflexões sobre até que ponto devemos nos sacrificar pela família.

Não acho que o livro chegue perto da intensidade que é Precisamos falar sobre o Kevin, mas também é um livro que não hesita ao tratar de assuntos difíceis e causar incômodo, e esse é seu grande mérito.

segunda-feira, 23 de março de 2015

The Book of a Thousand Days

Título: The Book of a Thousand Days
Autora: Shannon Hale
Editora: Bloomsbury

Dashti, uma jovem mucker (uma espécie de curandeira), é a criada da princesa Saren de Titor's Garden. O que ela não sabia ao aceitar o emprego é que Saren foi condenada pelo pai a passar sete anos presa em uma torre por ter recusado o noivado com Khasar, o líder mais poderoso da região. Como Dashti prometera não abandonar a princesa, ela também é trancafiada na torre. Para passar o tempo, ela registra em seu diário tudo o que acontece com ela, e é através desse diário que ficamos sabendo o que ocorre com as duas durante o período de confinamento e depois.

O livro foi baseado no conto "Maid Maleen" dos irmãos Grimm, do qual eu nunca tinha ouvido falar. Li ele agora bem rapidinho e vi que o livro segue a história do conto com razoável fidelidade, mas com seus próprios acréscimos, adaptações e subversões, afinal, é um livro em que a criada é a protagonista e não a princesa. A autora parece gostar de escrever histórias baseadas em contos de fadas e também tem livros relacionados a "Rapunzel" e "A pastora de gansos", além de séries como The Princess Academy e Ever After High.

The Book of a Thousand Days é desses livros delicinhas de se ler. A escrita da autora é fluida, os diálogos são divertidos e a história, apesar de meio previsível em alguns momentos, é muito interessante. Eu raramente gosto dos protagonistas, mas gostei muito de Dashti, que é uma garota sensata, perspicaz, corajosa e com senso de humor. Por outro lado, às vezes tinha vontade de dar uns tapas na Lady Saren. Eu imaginava que o livro focaria mais na amizade entre as duas, afinal, elas passam anos juntas trancadas em uma torre, mas Lady Saren acabou sendo um peso morto durante a maior parte do tempo e foi meio jogada de escanteio, deixando Dashti agir sozinha.

Essa não foi a leitura mais empolgante e maravilhosa que eu já fiz, mas percebo que agora, alguns dias depois de terminar o livro, sinto um certo carinho por ele, uma coisa meio "awnn", e isso raramente acontece nesses tempos de leitura voraz superprodutiva, portanto acho que foi um livro especial para mim.

quinta-feira, 19 de março de 2015

Culpados


Título: Culpados
Autora: Kate Chopin
Editora: Horizonte

Em uma das minhas primeiras aulas de literatura na faculdade, lemos um conto da Kate Chopin. Não lembro do que se tratava o conto, mas lembro que gostei bastante e fiquei com vontade de ler outras obras da autora, o que só fiz agora, cerca de cinco anos depois.

Escolhi ler Culpados agora em março, no mês das escritoras do Desafio Literário Skoob, porque é um livro que trata da situação feminina no final do século XIX. A protagonista, Thérèse, é uma mulher que decide administrar sozinha a fazenda do marido na Louisiana após a morte dele. A instalação de uma serraria em sua propriedade traz mudanças para a região e também traz David Hosmer, o administrador, que se apaixona por Thérèse, mas é recusado por ela por ser divorciado.

O livro trata de assuntos pouco abordados na época, como o divórcio e a independência feminina, além de retratar a sociedade crioula da Louisiana, que eu particularmente acho fascinate, com sua mistura de raças e culturas.

Por mais que eu tenha gostado de boa parte do livro, algumas coisas me desagradaram. Não consegui gostar do romance entre Thérèse e Hosmer e da imposição que Thérèse fez a ele em relação ao divórcio. Sei que divórcio era um tabu na época, mas a atitude deles não trouxe felicidade para ninguém e só fez a Fanny sofrer. Algo no estilo da escrita me desagradou; não sei explicar direito o que é, mas ele às vezes parecia meio truncado e não fluia. Talvez seja um problema da tradução ou talvez seja um problema meu, que li muitos livros de leitura rápida em seguida e fiquei mal acostumada.

O livro foi publicado pela Editora Horizonte, que tem essa coleção Mulheres e Letras com uma proposta interessante de publicar apenas escritoras, mas pisou na bola na revisão. Encontrei muitos errinhos, principalmente de vírgulas em lugares indevidos. Em geral não gosto de criticar essas coisas porque eu também trabalho nessa área e sei que todos erram, mas nesse caso eu realmente me incomodei.

A Kate Chopin não é tão conhecida aqui no Brasil, o que é uma pena. Pelo pouco que li, ela foi uma autora a frente de seu tempo e, apesar de eu não ter gostado tanto de Culpados, sua obra posterior , composta principalmente de contos, parece ser fascinante.

segunda-feira, 16 de março de 2015

Tag: Liebster Award

Vi essa tag no blog Infinitos Livros e resolvi responder.

As regras da TAG são:
A) Escrever 11 fatos sobre você

B) Responder as perguntas de quem indicou

C) Indicar 11 blogs com menos de 200 seguidores

D) Fazer 11 perguntas para quem você indicar

E) Colocar uma imagem que mostre o selo do Liebster

F) Linkar de volta quem te indicou.

A) Escrever 11 fatos sobre você

1. Me formei em Letras (inglês/português), mas antes fiz dois anos de Biologia e desisti.

2. Sou viciada em doces, principalmente chocolate.

3. Não tenho nenhum animal de estimação atualmente, mas sonho em ter um gato. Já tive duas chinchilas e sinto muita saudade delas. :(

4. Quando eu era mais nova, adorava desenhar. Tenho guardados vários cadernos e pastas cheias de desenhos. Gostaria de voltar a sentir inspiração para essas coisas.

5. Meus bichinhos de pelúcia têm personalidade própria (e às vezes eu escrevo histórias como se eles fossem os autores. Ok, isso é esquisito).

6. Não gosto muito de sair de casa, mas gosto de ir à biblioteca e dar um rolê pelos arredores.

7. Tenho algumas centenas de esmaltes na minha coleção e me desespero um pouco porque acho que nunca vou conseguir usar todos (o mesmo ocorre com os livros).

8. Adoro bichinhos fofinhos e meu sonho é pegar um leopardo das neves bebê no colo.
Momento fofura:

Awwwwwnnnnnnnn :3

9. Li poucos mangás na vida e meu preferido é Rurouni Kenshin. Já nos animes, meus preferidos são Rurouni Kenshin (vencedor nas categorias: nostalgia e empolgação de fã) e Mushishi (vencedor na categoria: como pode algo tão simples ser tão bom?).

10. Adoro ir a shows, mas faz tempo que não vou, porque não estou muito atualizada na cena musical (a maioria das bandas nacionais que eu gosto acabou, mudou demais de rumo ou ficou popular demais e ir ao show delas exige $$$ ou paciência para pegar fila etc. E das bandas gringas, como os shows são caros demais, eu sempre penso duas vezes antes de ir). O melhor show que já fui foi o do Andrew Bird e a banda que vi mais vezes ao vivo foi o Vanguart.

11. Sou muito tímida e meio anti-social. Na internet não sou lá tão tímida, mas mesmo assim hesito mil vezes antes de postar comentários em um blogs/fórum/grupo que não conheço direito.


B) Responder as perguntas de quem indicou


1. Qual a capa mais linda da sua estante?
Tenho muitas capas bonitas, mas poucas que eu considero lindas, então escolhi uma fofinha e divertida e que sempre me faz sorrir:


2. Em geral, prefere os vilões ou os mocinhos?
Em geral prefiro o meio-termo, aquele personagem que está do lado dos mocinhos mas não é totalmente do bem ou aquele que está do lado dos vilões mas é uma boa pessoa.

3. Qual sua saga favorita no momento?
Não estou lendo nenhuma no momento, mas estou morrendo de vontade de reler Desventuras em Série e Fronteiras do Universo, que na minha opinião são séries que sobrevivem bem ao tempo e a releituras.

4. Qual seu autor nacional favorito?
Acho que é o Machado de Assis, mas também gosto muito do Graciliano Ramos e da Lygia Fagundes Telles.

5. Qual o gênero literário que mais aparece na sua estante?
Acho que na minha estante ainda predominam os infanto-juvenis (que não é gênero, é demografia, eu sei). Digo "ainda" porque não estou comprando muitos infanto-juvenis atualmente, apesar de amar demais. A quantidade de "livros de adulto" está aumentando e eu não sei classificá-los em gêneros, porque a maioria é, sei lá, literatura contemporânea sobre coisas relativamente comuns.

6. Fale um personagem que você gostaria que existisse.
Totoro!

7. Qual o país que você mais tem vontade conhecer?
Sempre quis conhecer a África do Sul ou outro país próximo que tenha savanas e muitos animais, mas atualmente estou cada vez com mais vontade de conhecer o Japão.

8. Porque criou o blog?
Criei com a minha irmã e uma amiga para a gente compartilhar coisas divertidas que nos interessassem. Era para ser algo só nosso e dos nossos amigos, mas não durou muito. Reativei o blog para postar resenhas dos desafios literários e continuei escrevendo aqui porque peguei gosto pela coisa.

9. Como escolheu o nome do blog?
Eu queria um nome meio engraçadinho e, como nós pretendíamos usar o blog para escrever qualquer besteira que viesse a mente, achei legal brincar com esse pleonasmo.

10. Além de ler, qual seu maior hobbie?
No momento provavelmente é assistir animes, mas meus hobbies, com exceção da leitura, em geral são muito voláteis. Os esmaltes também são uma constante, mas eles não me ocupam muito tempo.

11. Fale um livro que você leu por indicação de amigos e amou!
Não amei tanto o livro individual em si, mas conheci a série Discworld do Terry Pratchett através de uma amiga da escola, que me emprestou Direitos iguais, rituais iguais.

C) Indicar 11 blogs com menos de 200 seguidores


Não vou indicar ninguém porque nem conheço onze blogs para indicar a tag, haha.

D) Fazer 11 perguntas para quem você indicar
 

(não indiquei ninguém, mas se alguém quiser responder a tag, as perguntas estão aqui. Se alguém quiser responder as perguntas nos comentários também pode :P)

1. Que características te agradam em capas de livros?
2. Que características/elementos te atraem em um livro ao ler uma sinopse/resenha?
3. Se você recebesse o dom de tocar um instrumento musical, que instrumento escolheria?
4. Qual é o seu doce preferido?
5. Qual é sua raça de cachorro preferida?
6. Um livro que marcou sua infância?
7. Quais são suas três animações preferidas?
8. Quais são os três blogs literários que você mais gosta/lê?
9. Ignorando todas as questões materiais e práticas, qual é a sua profissão dos sonhos?
10. Se você fosse escrever um livro, como ele seria?
11. Que lugares do Brasil você gostaria de conhecer?

sexta-feira, 13 de março de 2015

Morte no Nilo

Título: Morte no Nilo
Autora: Agatha Christie
Editora: Record

Sempre torci um pouco o nariz para a Agatha Christie porque nenhum livro dela tinha me agradado muito (não que eu tivesse lido muitos). Aí eu me bandeei para o team Conan Doyle, até reler/ler uns livros dele e descobrir que não curti tanto assim. Aí concluí que não gosto muito de romances policias dos mais tradicionais, o que é uma conclusão equivocada, porque gostei bastante de A vingança da Cagliostro do Maurice LeBlanc. Aí li Morte no Nilo e simplesmente não consegui largar até terminar de ler. E aí, finalmente, concluí que, ok, a Agatha é legal, sim.

O que mais me interessou no livro foram os personagens. Como o crime só acontece lá pela página cem, temos bastante interação informal entre os personagens enquanto eles estão lépidos e faceiros em sua viagem ao Egito. Temos a mocinha humilde e bondosa viajando com a prima rica esnobe, a escritora excêntrica decadente e sua filha mal humorada, a mãe e o filho inseparáveis, o jovem comunista (que eu achei muito engraçado) e, claro, o casal de recém casados sendo perseguidos por uma mulher ciumenta. A maioria deles é um tanto exagerada e peculiar, mas isso funcionou bem na história.

O final me surpreendeu, porque eu nunca consigo descobrir quem é o culpado. Tento ler com atenção e voltar atrás para reler trechos, mas nunca chego nem perto de descobrir o criminoso. Isso às vezes é um pouco frustrante, mas também é bom porque eu sempre fico com aquela sensação de "nossa, escritor, como você foi engenhoso!!!".

Morte no Nilo foi uma leitura deliciosa e me redespertou a vontade de ler romances policiais. Se você nunca leu Agatha Christie ou, como eu, não gostou muito do que leu dela até aqui, talvez esse seja o livro certo! ;)

Livro lido para o Desafio Literário Skoob, tema: escritoras.

quarta-feira, 11 de março de 2015

A esperança

Título: A esperança
Autora: Suzanne Collins
Editora: Rocco

Li esse livro sem lembrar direito das coisas. Segundo meu bloquinho de leituras, li Jogos Vorazes no final de 2010 e Em chamas no começo de 2014. Muita coisa se embaralhou na minha mente entre essas leituras e a de A esperança, portanto era de se esperar que eu iniciasse o livro meio perdida, sem lembrar direito em que ponto a história parou e sempre tendo que parar para pensar sobre quem é o fulano ou o beltrano. Mas logo isso não importava mais porque eu fui totalmente absorvida por esse livro.

Gosto bastante dos dois primeiros volumes da trilogia, mas toda a coisa da arena sempre me pareceu meio forçada e, apesar de os livros trazerem reflexões muito interessantes e críticas à sociedade, achava eles mais leves do que deveriam ser. Com A esperança foi diferente. Não sei se é porque finalmente temos uma visão mais ampla da sociedade ou se é porque a Katniss estava perdida e arrasada nesse livro, mas o achei bem mais real do que os anteriores. E mais doloroso.

Algumas coisas continuam me desagradando. As cenas de ação não me parecem muito plausíveis, o ritmo é bem irregular e alguns acontecimentos são questionáveis. Outras coisas melhoraram nesse livro em relação aos anteriores: o triângulo amoroso não me incomodou porque pareceu perder parte do peso e, como a Katniss estava mais vulnerável que o normal, achei muito mais fácil gostar dela. Sei que muitos leitores não gostam da personagem nesse livro, mas eu a achei muito mais humana e não consegui não sentir empatia.

Gostei muito do final, e isso é muito importante, porque finais raramente me agradam. Parece que sempre há alguma solução fácil demais ou todos acabam felizes demais ou o final é agridoce mas ainda assim mais feliz do que eu gostaria. Nesse caso, o final realmente me tocou e me fez pensar.

Não sei se A esperança vai me marcar por muito tempo, não sei nem se é um livro que eu releria, mas enquanto eu estava lendo eu adorei.

Livro lido para o Desafio Literário do Tigre (tema: de distopia) e para o Desafio Literário Skoob (tema: escritoras).

domingo, 8 de março de 2015

Mangá: Suiiki


Título: Suiiki
Autora: Yuki Urushibara
Volumes: 2
Capítulos: 12
Ano: 2009-2010
Revista: Afternoon

Em um verão atípico, com um calor abrasador e falta de chuva, Chinami, uma jovem estudante, começa a sofrer com desmaios inesperados. Esses desmaios a transportam para um pequeno vilarejo à beira de um rio cristalino, onde ela conhece um menino e seu pai. Fascinada pelo rio, pelas chuvas e pelo ambiente refrescante, tranquilo e misterioso, Chinami se sente estranhamente atraída pelo local, que parece parado no tempo e guarda muitas lembranças do passado.

Suiiki é uma mangá curtinho da autora Yuki Urushibara, que também criou Mushishi. Infelizmente ainda não li Mushishi, mas já assisti ao anime, que é uma obra-prima que acho que todo mundo deveria assistir, e isso basta para me deixar com vontade de ler todos os mangás que essa mulher escreveu (que são poucos, apenas três). 

Assim como em Mushishi, o forte do mangá é criar uma atmosfera tranquila e agradável que realmente faz o leitor imergir na história. Não é uma mangá cheio de acontecimentos que te faz virar as páginas freneticamente; está mais para uma leitura sossegada em um dia de chuva (ou em um dia de calor insuportável, quem sabe), sem nenhuma preocupação na mente. 

Outra semelhança com Mushishi é a presença de elementos sobrenaturais que realçam aspectos dos relacionamentos humanos. Em Mushishi, o foco não são os mushis em si e sim como eles interferem na vida das pessoas. Aqui, a viagem no tempo/espaço e a lenda sobre o vilarejo servem para desenterrar memórias e reforçar os laços entre a família de Chinami.

A arte do mangá é muito bonita. Os personagens seguem um estilo bem simples, mais realista que a média, que pode desagradar alguns pela semelhança que apresentam entre si, mas que eu particularmente gosto. Os cenários são o ponto forte da obra, sempre desenhados com capricho e bastante realismo. Também gostei bastante do enquadramento usado em algumas cenas, principalmente nas transições entre mundos quando Chinami desmaia ou acorda. Fiquei fascinada pelas cenas em que o mundo "real" se mistura ao mundo aquático, como nas imagens que escolhi para o post.

Suiiki talvez não seja um mangá que eu recomendaria para qualquer um, por seu desenvolvimento mais lento, mas acho que ele merece uma chance. Infelizmente ele não é muito popular e as chances de ser lançado no Brasil são quase nulas, então a única opção é recorrer aos scans na internet.

quinta-feira, 5 de março de 2015

A lista negra

Título: A lista negra
Autora: Jennifer Brown
Editora: Gutenberg

Ganhei esse livro nas cortesias do Skoob e fiquei muito feliz ao saber que tinha ganhado, porque esse era um livro que eu realmente queria ler (sou dessas que participa de quase todas as cortesias do Skoob, portanto as chances de ganhar um livro pelo qual não tenho tanto interesse são bem maiores). É claro que, mesmo querendo muito ler, ainda deixei o livro juntando pó na estante por mais de um ano. Março se mostrou o mês ideal para eu desencalhá-lo, pois decidi que este será o meu mês de ler mulheres.

A lista negra me chamou atenção a princípio por tratar de um tema que me interessa bastante na ficção: chacinas escolares. O livro é narrado do ponto de vista de Valerie, namorada do garoto que cometeu o crime. Ela e o namorado Nick, vítimas de bullying, criaram uma lista negra com os nomes das pessoas que eles odiavam na escola. O que Valerie não imaginava é que Nick levaria a lista a sério e colocaria em prática o que ela via apenas como uma brincadeira, atirando nos colegas cujos nomes estavam na lista.

Após o incidente, Valerie precisa retornar à escola para terminar seu último ano. Seus antigos amigos já não querem mais saber dela, os colegas a veem com um misto de ressentimento e suspeita e até mesmo seus pais deixaram de confiar nela. É nesse ambiente turbulento que ela tenta se ajustar e finalmente seguir em frente com sua vida.

O livro mistura a narração do presente, com Valerie voltando à escola, do passado, com o incidente e os dias seguintes, e notícias de jornal com breves relatos sobre as vítimas. Admito que achei que os trechos sobre o incidente em si não foram tão interessantes quanto eu esperava e que a recuperação física e mental de Valerie logo após o crime me pareceu meio maçante. Já o desenvolvimento posterior, com Valerie e os colegas lidando com o trauma na escola, foi bem interessante e me fez ficar grudada na leitura.

Gosto de como a personalidade da maioria dos personagens é desenvolvida. Valerie está longe de ser uma personagem de quem eu gosto, mas é difícil não ficar do lado dela em alguns momentos (principalmente quando ela tem que lidar com pai. Que cara babaca ele é). Também acho que a autora fez um bom trabalho ao mostrar o relacionamento de Valerie e Nick e como a garota via o seu namorado, relembrando bons momentos que eles passaram juntos e reinterpretando coisas que Nick disse anteriormente.

Apesar eu ter achado a leitura mais esquecível do que gostaria, o livro é bom e bem gostoso de ler. Ele trata com delicadeza de um tema complicado, sem demonizar nenhum dos lados envolvidos, e traz reflexões importantes. Para os mais sensíveis, dá para se emocionar bastante, mas a verdade é que eu esperava algo mais impactante, considerando o tema abordado.

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Livro lido para o Desafio Literário Skoob (escritoras) e para o Desafio Literário do Tigre (da sua fila de leitura).

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Essa resenha inaugurou o meu mês de ler mulheres! Decidi ler apenas autoras em março e tentar resenhar todas as leituras. Fiz uma breve seleção na minha estante e decidi ler os seguintes livros:


Não sei se vou conseguir ler todos eles, mais os que eu pegar na biblioteca, mas vou tentar!

segunda-feira, 2 de março de 2015

Randomicidades do mês - fevereiro (parte 2)

Ando bem animada para ver filmes, o que é algo raro, portanto acabei assistindo a mais filmes que o normal. Espero que esse meu ânimo continue por mais tempo. ;)



Era uma vez em Tóquio (Yasujiro Ozu)
Aproveitei uma mostra de cinema no Centro Cultural São Paulo para finalmente ver esse filme. Gosto muito das animações japonesas, mas, além delas, não conheço muita coisa do cinema nipônico, então era a chance perfeita para assistir a esse clássico.

O filme mostra o relacionamento entre um casal idoso e seus filhos. Os pais vão visitar os filhos em Tóquio, mas estes têm suas próprias preocupações e responsabilidades e veem a visita do casal como um incômodo. Gostei do filme, mas achei um tanto lento, e algo no estilo e nos diálogos me incomodou um pouco. O tema é bastante universal e não dá para não se identificar nem que seja um pouquinho com a situação.

Nota: 3,5/5


AninA (Alfredo Soderguit)
AninA é uma animação uruguaia/colombiana da qual tomei conhecimento porque de vez em quando passa na HBO. O desenho tem um traço bonitinho, com cores terrosas e um aspecto mais artesanal, e a história é simples e simpática: Anina Yatay Salas seria uma menina normal e perfeitamente feliz se não fosse por um detalhe, ela é zoada na escola porque seu nome consiste em três palíndromos. Sua implicância com uma colega, a quem ela chama gentilmente de "elefanta", a leva a uma briga e a um castigo que consiste em cuidar de um envelope por uma semana sem abri-lo, pondo sua responsabilidade e sua curiosidade em teste. O filme é uma graça, e recomendo para as crianças e para os adultos com alma de criança.

Nota: 3,5/5



Sharknado (Anthony C. Ferrante)
Assisti a esse filme porque ele foi o escolhido do clube do livro que também é clube do filme do qual participo. Tinha altas expectativas, porque já ouvi muita gente comentando sobre ele e porque ele é referência quando se fala em filme trash. Eu esperava no mínimo dar algumas risadas, porque é isso o que se espera de um filme com tempestades de tubarões, mas no final nem ri direito. Imagino que o filme se leva a sério em alguns pontos e isso tira um pouco a graça da coisa, além de não ser assim tão tosco quanto eu esperava, do tipo "tão ruim que fica bom". Mas o pior foi que ele nem conseguiu me entreter tão bem assim. Decepção. :(

Nota: 2/5


Minha linda garota, Mari (Seong-kang Lee)
Animação coreana que assisti sem expectativas. Conta a história de um menino em um momento de mudanças na vida: seu melhor amigo está para se mudar para Seul e sua mãe viúva está se envolvendo com um novo namorado. Em meio à infelicidade e ao tédio das férias, ele encontra uma bolinha de gude em um antigo farol que o transporta para um universo mágico.

O traço dessa animação é bem diferente do que eu costumo ver e não é propriamente do meu agrado, apesar de alguns bons momentos. Já a história deixa bastante a desejar e me pareceu bem confusa e mal desenvolvida. Pelo título e pelo cartaz, dá para imaginar que essa tal de Mari e o mundo fantástico teriam maior peso na história, mas não é bem assim que acontece. Os dois meninos viajam para esse mundo de visual estranho e fascinante, mas nada acontece lá. O protagonista vai parar ali umas três vezes, mas tudo o que faz lá é flutuar sobre nuvens, cair no ar e andar sobre um cachoro gigante (???). A Mari do título é uma garota misteriosa que aparece junto com o cachorro e não diz nada. Supostamente esse mundo onírico deveria ser o catalisador do amadurecimento dos personagens e, sim, no final eles estão mais maduros e aceitam melhor as mudanças, mas que papel esse mundo fantástico teve eu não sei. Ou sou muito burra para entender o filme.

Para não dizerem que só falei mal do filme, ele tem momentos muito bonitos e no geral gostei bastante das cenas de vida cotidiana.

Nota: 2,5/5


Samurai X - O fim de uma lenda (Keishi Otomo)
Final da trilogia live-action de Samurai X. Kenshin aprendendo a técnica suprema (que ficou indistinguível de todas as outras com a abordagem mais realista das lutas) e finalmente enfrentando Shishio.

O filme me pareceu mal balanceado. A primeira parte, cheia de treino e conversa, se arrastou demais, e a segunda, cheia de pancadaria, foi uma versão extremamente compactada do que ocorre no mangá/anime. As falhas do segundo filme continuam neste, seja nos personagens subaproveitados (Sanosuke e Yahiko e, no caso desse filme, Kaoru) ou nos claramente deslocados (Aoshi).

Não gostei muito de toda a trama do Shishio querendo que o governo executasse o Kenshin, porque me pareceu fugir um pouco do caráter do Shishio original. Para mim o Shishio é um cara megalomaníaco que deseja conquistar o país porque acha que é a pessoa certa para isso, já que considera o governo da época incapaz. Ele não age por vingança ao governo que tentou matá-lo e vê Kenshin como uma ameaça, sim, mas gosta da oportunidade de medir forças com ele. Não consigo ver o Shishio do mangá desejando tão ardentemente a cabeça do Kenshin, embora consiga vê-lo se deliciando ao manipular o governo.

Acho que o primeiro filme foi meu preferido por causa do possível desastre que essa adaptação poderia ser. Assim que vi que estavam fazendo um bom trabalho, passei a me preocupar mais com outros aspectos do filme e esperei mais dos filmes seguintes.

Nota: 3/5


Nebraska (Alexander Payne)
Todo mundo assistindo aos filmes do Oscar de 2015 e eu vendo um do de 2014, hehe. Sinopse básica: filho leva o pai em uma longa viagem de carro até Lincoln, Nebraska, porque o pai acredita ter ganhado um milhão de dólares em uma dessas propagandas falsas para enganar trouxa.

Gostei muito desse filme. É desses que é meio melancólico, mas engraçado. E fala sobre relações familiares, que é um tema que sempre me atrai, embora eu sinta cada vez mais que filmes sobre idosos fazem meu coração se despedaçar um pouquinho.

Nota: 4/5


Ladrão de casaca (Alfred Hitchcock)
Gosto muito do Hitchcock, apesar de ainda não ter visto tantos filmes dele. Ladrão de casaca conta a história de um famoso ladrão de joias aposentado que decide investigar uma série de crimes, pois o criminoso usa o mesmo modus operandi dele, fazendo todas as suspeitas recaírem sobre ele. Não é o melhor filme do Hitchcock, mas é divertido.

Nota: 3,5/5


Bling Ring: a gangue de Hollywood (Sofia Coppola)
Já vi a maioria dos filmes da Sofia Coppola (só falta As virgens suicidas) e não gostei muito de nenhum, mas mesmo assim continuo com vontade de assistir os outro filmes dela. Esse filme, baseado em fatos reais, é sobre um grupo de adolescente que rouba as casas de celebridades como Paris Hilton e Lindsay Lohan. Ele mostra bem a futilidade da sociedade contemporânea e a obsessão por dinheiro e fama. Achei um filme ok, como todos os outros da diretora, e pelo menos ele não me entediou.

Nota: 3/5