sexta-feira, 18 de novembro de 2011

DL 2011 - Katherine Mansfield - Contos


Título: Katherine Mansfield - Contos
Autora: Katherine Mansfield
Editora: Cosac Naify

Eu tinha um certo carinho pela Katherine Mansfield por um razão um tanto tola talvez: li o conto Miss Brill na faculdade e simplesmente adorei. É raro eu adorar algo lido na faculdade, porque todas aquelas análises em cima da obra, apesar de abrirem várias novas perspectivas, acabam cansando e tornando a coisa meio engessada... Mas eu continuo adorando Miss Brill e no geral gostei muito do livro deste mês.

A coletânea inclui 12 contos, quase todos publicados na década de 1920. Como são vários os contos, teve aqueles que me agradaram e aqueles que achei bem esquecíveis. Destaco a sequência "Prelúdio", "Na baía" e "A casa de bonecas", que tratam dos mesmos personagens e tem relação com a infância da autora na Nova Zelândia, e, com a exceção do último, tem uma estrutura mais solta, mais próxima de um pequeno romance ou de uma novela.

Posso estar falando besteira, mas o estilo de Mansfield me lembrou Tchekov em alguns momentos (ou o que eu lembro de Tchekov). E em outros momentos me lembrou Virginia Woolf, mas de uma maneira positiva, viu? (porque não sou lá uma grande admiradora do único romance que li dela).

Eu recomendo o livro a todos os adoradores de contos (que não parecem ser tantos, infelizmente).

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

DL 2011 - Uma outra vida


Título: Uma outra vida
Autor: John Updike
Editora: Companhia das Letras

Mais um que não estava no meu plano de leitura do DL e que acabou entrando por comodidade (ou preguiça de ir à biblioteca). Bem, esse é o primeiro livro do John Updike que leio e espero que seja o primeiro de muitos. Comprei-o por dois reais no sebo-para-gerar-grana-para-a-formatura da escola da minha irmã. Dois reais, isso me deixa tão feliz!

São contos com temáticas parecidas, com protagonistas na meia-idade, todos de classe média/alta, que se veem diante de uma certa estagnação na vida, ou tentam fugir dela, ou tentam lidar com o peso das memórias, ou se deparam com a fragilidade da vida.

Os contos são ótimos e o estilo do autor me agradou muito. São história simples e focadas no cotidiano, e é exatamente disso que gostei nelas: há um montão de detalhes e nuances que dão uma nova significação ao cotidiano. Gostei particularmente de "O homem que se tornou soprano", sobre um grupo que se reúne para tocar flauta doce.

Não recomendo que se leia apressadamente um conto atrás do outro, como eu fiz. Como as histórias tratam praticamente do mesmo universo, às vezes você acaba confundindo tudo e achando que está lendo um conto sendo que está lendo outro (?) e eu acho que o livro merece uma apreciação mais pausada. Mas talvez você não seja desmemoriado como eu, então tudo bem.

domingo, 6 de novembro de 2011

DL 2011 - Os Filhos da Pátria


Título: Os filhos da pátria
Autor: João Melo
Editora: Record

Mais uma vez, eu fujo da minha lista do DL e escolho algo mais conveniente. Neste caso, um livro que eu deveria ter lido no semestre passado, para a faculdade. Mas sabe como é, né? O trabalho final daquela disciplina foi cancelado e eu me contentei com os quatro contos que já tinha lido. Até tentei retomar a leitura em outras ocasiões, mas o livro não conseguiu me seduzir. Então fui jogando-o para o canto até chegar a oportunidade perfeita para lê-lo.

João Melo é um escritor angolano e isso já faz seus contos terem um sabor especial de proximidade e de distância ao mesmo tempo. Os dez contos de Filhos da Pátria tratam pricipalmente de questões como raça, problemas sociais e políticos, e, principalmente, sobre a identidade angolana. Um exemplo é Ngola Kiluanje sobre um "angolano, embora branco" que deixou o país com a família, mas que sempre sentiu sua terra natal a atraí-lo de volta. Ou o estilista de O efeito estufa, obcecado com a identidade nacional e contrário a qualquer influência portuguesa, como se fosse um Policarpo Quaresma angolano.

São contos ágeis, que mostram uma realidade crua e cruel. Às vezes crua e cruel até demais.

O narrador é irônico, vive fazendo intrusões que às vezes se prolongam por metade do conto, o que irrita. Ele tem lá suas razões, mas irrita.

Como o conto deve ser enxuto, ou ele te conquista ou não. Não posso dizer que Filhos da Pátria me conquistou. Eu salvaria uns três contos, no máximo. É muito interessante para ter uma ideia da realidade urbana e contemporânea angolana, mas não faz o meu estilo.

Não recomendo para quem se incomoda com linguagem vulgar, nem para quem não sabe nada da história de Angola, porque o livro é carregado de referências a fatos históricos/políticos.